Título: Em PE e RJ, eleição testa força dos governadores
Autor: Bueno, Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 27/08/2009, Política, p. A9

Na maior parte dos Estados, o governador é o maior cabo eleitoral dos senadores. Se em nenhum lugar os candidatos querem se indispor com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Estados como Pernambuco, um dos principais líderes da oposição, o presidente do PSDB e senador Sérgio Guerra, tampouco quer confusão com o governador Eduardo Campos (PSB), aprovado por 83% da população (Vox Populi). "Na hora certa, vou mostrar de qual lado estou. Por enquanto, cabe a mim mostrar o trabalho que tenho feito pelo Estado. Preciso me tornar conhecido dos eleitores", diz Guerra.

A relação de boa vizinhança com Campos fica mais premente pela indefinição de PSDB, PMDB e DEM em relação ao nome que enfrentará sua reeleição. O senador e ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) resiste a disputar.

Além de Guerra, quem deve disputar uma das duas vagas no Senado é o senador e ex-vice-presidente Marco Maciel (DEM). Do lado governista, Campos tem sinalizado preferência pelo ex-prefeito do Recife João Paulo (PT) e pelo deputado federal Armando Monteiro Neto (PTB), presidente da CNI.

Com a dupla, o governador pretende agradar os aliados, além de puxar votos para si. João Paulo é muito popular no Recife, capital da qual foi prefeito por oito anos. Em julho, assumiu a Secretaria de Articulação Regional, pasta que dá visibilidade ao ex-prefeito no interior.

Campos quer Monteiro na articulação com o empresariado, público mais próximo de Jarbas. Pesquisa do Instituto Maurício de Nassau aponta João Paulo e Maciel como favoritos. O ex-prefeito aparece com 31% das intenções de voto, sendo que é na Região Metropolitana do Recife onde ele é mais forte. Já Maciel tem 24%, com sua base eleitoral no agreste e no sertão. Sérgio Guerra surge com 9%, e Monteiro, com 6%.

No Rio, a força do governador na eleição ao Senado vai colocar em relevo o papel do senador Paulo Duque (PMDB-RJ), presidente do Conselho de Ética que decretou o arquivamento das representações contra José Sarney (PMDB-AP). Duque é o segundo suplente do governador Sérgio Cabral (PMDB), que deixou o mandato no meio para assumir o Palácio da Guanabara. O presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani (PMDB), candidato de Cabral ao Senado não teme respingos da crise: "Cabe aos atuais integrantes do Senado responderem às denuncias e a população dar a resposta nas urnas.

Apenas um senador do Rio tentará a reeleição - Marcelo Crivella (PR), bispo da Igreja Universal. Crivella é da base de Lula mas ainda não decidiu se estará no palanque de Cabral ou no de Lindberg Farias (PT), prefeito de Nova Iguaçu.

Lindberg luta para ser candidato ao governo. Diz que só sairá ao Senado se for derrotado na convenção do PT ou sob intervenção. "Cresce a sensação de que é preciso deter o apetite descomunal do PMDB. Querem o PT de joelhos. Não bastasse a crise que nos fizeram pagar no Senado com a humilhação de importantes lideranças, lançam Geddel na Bahia e querem minha retirada aqui", disse.

Existe ainda a chance de a atual secretária de Cultura do Rio, Jandira Feghali (PCdoB) disputar. "Posso me candidatar ao Senado, à Câmara ou continuar secretária ", disse. Na eleição de 2006 ao Senado, Jandira perdeu para Francisco Dornelles (PP).

O ex-prefeito Cesar Maia (DEM) deve ser candidato caso o deputado federal Fernando Gabeira (PV) saia candidato ao governo do Estado.