Título: Vagas em Minas dependem da definição de Aécio
Autor: Bueno, Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 27/08/2009, Política, p. A9

A indefinição sobre as candidaturas do governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), à Presidência da República, e do ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), ao governo do Estado, congestiona a disputa pelas duas vagas mineiras ao Senado. Se Aécio perder a disputa para o governador de São Paulo, José Serra, e Costa não conseguir alianças que o viabilizem para o plano estadual, ambos serão favoritos ao Senado. No caso de Costa, seria uma reeleição, já que está licenciado da vaga para ocupar o ministério.

Como o Senado não é projeto preferencial nem do tucano, nem do pemedebista, o cenário se abre para outros pretendentes. No campo dos aliados de Aécio, o senador Eduardo Azeredo declara-se "candidato natural" a novo mandato e o ex-presidente Itamar Franco (PPS) pode ter o apoio de Aécio para o Senado, ser indicado para a vice na chapa do PSDB ou disputar novamente o governo.

Entre os aliados do Planalto, o Senado poderá ser a alternativa ao perdedor da disputa entre o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, pela candidatura do PT ao governo. Mas esta situação só ocorreria na hipótese de fracassarem as negociações para que PT e PMDB disputem juntos.

"Em uma aliança, um único partido não pode pleitear ser protagonista. Transformar o Senado em prêmio de consolação de briga interna é matar a chapa", afirmou o deputado federal Virgílio Guimarães (PT-MG), aliado de Pimentel. "Não podemos perder viabilidade eleitoral para resolver problemas internos", afirmou o deputado estadual André Quintão (PT), apoiador de Patrus.

Apesar de serem duas as vagas do Senado que renovam no próximo ano (a de Azeredo e a de Hélio Costa, que está sendo substituído pelo suplente Wellington Salgado), é consenso no Estado serem pequenas as possibilidades de a mesma coligação, sobretudo se os postulantes ao Senado forem do mesmo partido, ficar com as duas cadeiras. A situação não ocorre em Minas desde 1986, quando o PMDB elegeu Alfredo Campos e Ronan Tito.

No campo dos aliados de Aécio, ainda há o complicador de Azeredo e Itamar terem disputado de maneira agressiva o governo em 1998, em uma eleição ganha de virada pelo ex-presidente. Uma candidatura majoritária em Minas do ex-presidente provocaria resistências no PSDB e Aécio usualmente busca soluções consensuais. Entre os apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Costa iniciou conversas para um acordo de apoio mútuo com Patrus, mas Pimentel busca contrabalançar junto à cúpula pemedebista e às bases do partido em Minas.

Defensor de primeira hora do presidente do Senado, Wellington Salgado tem pouco vínculo com o Estado e não deverá disputar as eleições do próximo ano. Empresário da área de educação, Salgado é do Rio e sua relação com Minas limita-se a investimentos. O senador comprou uma rede de faculdades em Uberlândia (MG) e estendeu a Minas algumas unidades da Universo, a universidade privada que comanda, sediada em São Gonçalo (RJ).

Azeredo evitou exposição pública no caso Sarney. Centra a atuação em polêmico projeto que normatiza a navegação da Internet. Próximo a Sarney, o terceiro senador de Minas, Eliseu Resende (DEM), que tem mandato até 2014, seguiu a orientação do partido e votou contra o arquivamento das investigações.