Título: Pressão por afastamento de Sarney se arrefece no Senado
Autor: Galvão , Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 12/08/2009, Política, p. A6

Com denúncias envolvendo tanto o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), quanto os senadores do PSDB Sérgio Guerra (PE) e Arthur Virgílio (AM), a disputa política na Casa se arrefeceu e a pressão pelo afastamento de Sarney diminuiu. A oposição recuou e o PT liberou os senadores do Conselho de Ética para analisarem as denúncias contra Sarney "de acordo com a consciência".

Até o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que na semana passada trocou ofensas com o senador Renan Calheiros (AL), líder do PMDB na Casa, pediu desculpas ontem, em plenário, por ter se excedido. "Não podemos manter clima de conflito", comentou Guerra. "Daqui a pouco quase todos os senadores estariam envolvidos", explicou.

Aliados de Sarney, incluindo parlamentares do PMDB e do PT, além de tucanos e integrantes do DEM, avaliam que Sarney continua com sustentação política. Outros, entretanto, mantiveram a pressão para que ele se afaste até que as denúncias sejam investigadas e esclarecidas. Ontem, Marina Silva (PT-AC) e Eduardo Suplicy (PT-SP) assinaram manifesto pró-afastamento. Esse documento já obteve a assinatura dos líderes do PSDB, DEM, PDT, do P-Sol e de dissidentes do PMDB e PT. Isso, porém, não significa que todos os parlamentares do PSDB e do DEM estejam contra o senador. "Sarney ainda tem a maioria, independente dos manifestos que circulam", comentou um senador tucano.

Todas as denúncias e representações contra Sarney no Conselho de Ética foram arquivadas, mas a oposição recorreu e espera o pronunciamento do presidente do colegiado, Paulo Duque (PMDB-RJ). Duque cancelou a reunião que iria analisar os recursos e vai encaminhar despacho sobre a representação do PMDB contra Arthur Virgilio (AM), líder do PSDB, para a secretaria-geral da Mesa. Ele não revelou se vai arquivar pedido de processo contra Virgilio, mas disse que "agirá com bom senso".

O PT deverá votar pelo arquivamento da representação contra Virgílio, se ela for aceita por Duque. Os petistas poderão apoiar a investigação da denúncia que liga Sarney à edição de atos secretos, mas deverão impedir que se isso se transforme em cassação e que vá a voto no plenário. Ontem a bancada petista reuniu-se novamente e o líder, Aloizio Mercadante (SP), alegou que ainda não tem elementos suficientes para analisar se as denúncias contra Sarney são "consistentes".(C.A)