Título: Emprego formal da indústria reage e tem saldo de 17 mil vagas em julho
Autor: Galvão , Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 19/08/2009, Brasil, p. A3

A indústria contratou 17.354 trabalhadores em julho, mês que registrou o melhor desempenho do ano na criação de empregos, mas nem todos os segmentos tiveram saldo positivo entre demissões e contratações. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mostrou que ainda houve redução do emprego no mês passado nas indústrias produtoras de borracha, fumo e couros (-3.906), nas metalúrgicas (-1.077) e nas de materiais de transporte (- 468). Já as melhores performances foram das indústrias têxteis, que abriram 6.133 vagas, químicas, com 4.914, e as fabricantes de calçados, com 4.522 contratações. "Aí está o nó. É o primeiro crescimento forte do emprego industrial neste ano e o setor, definitivamente, saiu da crise", afirmou o ministro do Trabalho Carlos Lupi.

De janeiro a julho o resultado da indústria ainda é negativo. Os dados no Caged apontam perda de 127.123 vagas no regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Esse indicador, porém, está muito influenciado pelos três primeiros meses de 2009, quando foram fechados 147.361 postos.

Para o economista-chefe da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, o quadro não é tão otimista quanto supõe Lupi. Ele admitiu que os números do Caged são "positivos" e refletem a recuperação da atividade industrial a partir de março. Mas alertou para o fato de que, em alguns segmentos industriais, as exportações representavam um terço do faturamento. Com a crise mundial, essa receita despencou. "O pior dos mundos no emprego industrial já passou, mas ainda não voltamos aos níveis pré-crise. A normalização da demanda externa é algo esperado para 2010. A indústria brasileira ainda está muito mais ociosa que em 2008."

Os números gerais do Caged para julho mostram a criação de 138.402 empregos celetistas no país, mas também representam queda de 31,89% com relação a julho de 2008. Julho teve o melhor resultado desde outubro do ano passado, quando o mercado de trabalho passou a sofrer o impacto da crise econômica mundial. No ano, o saldo é de 437.908 vagas, mas Lupi continua apostando que será alcançada a marca da criação de 1 milhão de vagas em 2009.

Outro fato raro nas séries do Caged é que a construção civil, no mês passado, foi o setor que mais gerou empregos celetistas, com saldo de 32.175 vagas. Em seguida, vieram agricultura (29.483), serviços (27.655), comércio (27.336), indústria (17.354) e serviços de utilidade pública (2.497). Neste ano, o setor que vem apresentando o maior dinamismo na criação de empregos formais é o de serviços.

Lupi acredita que agosto terá saldo melhor que o de julho, algo próximo das 150 mil vagas. Ele prevê um "boom" na construção e ressaltou que a contratação de médicos e dentistas está crescendo bastante porque há ganhos salariais. De janeiro a julho, os serviços médicos e odontológicos tiveram saldo positivo de 49.575 vagas.