Título: Conselho de Ética arquiva todas as denúncias
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 20/08/2009, Política, p. A11

Em um acordo feito entre PT, PMDB, PSDB e DEM, foram arquivados todos os recursos para a abertura de investigação de denúncias e representações contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e contra o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), pelo plenário do Conselho de Ética. A crise política e administrativa da Casa, no entanto, não foi resolvida.

O governo federal e o PT respaldaram o arquivamento de recursos que pediam a apuração de supostas irregularidades contra José Sarney. Dos quinze senadores que votaram no Conselho de Ética, nove recusaram a abertura de investigações contra o pemedebista. Os seis que pediram a investigação são os senadores do DEM, PSDB e um do PDT. Eram onze denúncias e representações contra o presidente do Senado, que foram votadas em blocos.

A representação contra Arthur Virgílio foi arquivada com apoio de todos os 15 votantes. O líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), que pediu a representação contra o tucano trocou afagos com o líder do PSDB e antes mesmo de Virgílio prestar esclarecimentos sobre as denúncias Renan anunciou que o PMDB votaria a favor dele. Com denúncias envolvendo tanto PSDB quanto PMDB, os dois partidos diminuíram os ataques e fizeram um acordo, ainda que informal e temporário, para acalmar a crise no Senado.

O líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), contestou o voto dos três senadores do partido a favor de Sarney, apesar de ter sido o responsável pela indicação de João Pedro (AM), Ideli Salvatti (SC) e Delcídio Amaral (MS) para o Conselho. "Tenho a responsabilidade pelas indicações do conselho. A decisão foi do partido, mas tenho dúvidas profundas se é o melhor caminho", disse. "Isso não resolve a crise no Senado. Não vai virar a página", comentou. João Pedro leu nota assinada pelo presidente do partido, Ricardo Berzoini , recomendando arquivamento.

Dissidente do PMDB, o senador Pedro Simon (RS) criticou a influência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na decisão da bancada petista: "Hoje é o dia em que o PT abraça (Fernando) Collor e Sarney, e Marina (Silva) sai do partido. Triste dia esse para o PT e para o Senado", comentou.