Título: Desgastado pelo recuo, Mercadante é elogiado por Múcio
Autor: Lyra , Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 26/08/2009, Política, p. A8

O ministro da coordenação política, José Múcio Monteiro, elogiou ontem a decisão do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), de permanecer líder da bancada no Senado. Segundo Múcio, que há quase um mês desentendeu-se com o senador por causa de uma nota da bancada petista referente à crise no Senado, "o espírito de responsabilidade prevaleceu".

Sobre a reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Mercadante, na qual o senador foi demovido da ideia de renunciar à liderança, Múcio disse que ela é fruto de uma parceria política solidificada. "Foi fruto de uma boa conversa de um velho companheiro. São velhos companheiros, ele e o presidente são fundadores do partido", ressaltou o ministro.

O Valor apurou, no entanto, que o diálogo entre Mercadante e Lula não foi nada cordial. Desde a eclosão da crise política no Senado, foi um dos mais tensos. Lula não gostou da atitude de Mercadante durante a onda de denúncias envolvendo o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) nem a manifestação pública de sua intenção de renunciar à liderança. Antes do recesso, Lula, perante toda a bancada petista, disse que "liderar, em certos momentos, significava ouvir os liderados. Em outros, significava "tapar o nariz e seguir em frente" buscando a recomposição política em um momento posterior".

Na reunião de quinta-feira, um dia após o Conselho de Ética ter arquivado todas as denúncias - com o apoio dos senadores do PT -, Lula disse a Mercadante que ele estaria livre para decidir seu destino, mas, futuramente, não poderia cobrar apoio do partido a suas candidaturas. Lembrou que a briga política com a oposição está apenas começando e que aqueles que desistem agora "estão abandonando o jogo antes da hora".

Integrantes do diretório nacional admitem que, mesmo com o recuo, a situação do senador não é bem vista perante a militância e a cúpula partidária. "Ele terá que se explicar com mais ênfase na campanha", ressaltou um dirigente petista, lembrando que, no auge da crise do mensalão, o senador "levou a militância à loucura ao criticar publicamente o partido".