Título: Otimista, Fed já prevê o fim da recessão nos EUA
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Fonte: Valor Econômico, 03/09/2009, Internacional, p. A9

O Federal Reserve (Fed, BC dos EUA) já prevê o fim da recessão nos EUA, segundo a ata da reunião de agosto de seu comitê de política monetária. Segundo a minuta da reunião, o presidente do Fed, Ben Bernanke, e seus colegas se mostraram mais confiantes do que na reunião de junho e até mesmo confortáveis em diminuir o ritmo de um de seus programas de estímulo.

As autoridades do Fed esperam que o ritmo da recuperação melhore em 2010, embora haja uma gama de expectativas quanto a sua intensidade, por causa das dúvidas em relação ao comportamento dos consumidores.

Após terem sido afetados pela recessão, os gastos dos consumidores finalmente parecem estar se estabilizando, disse o Fed. Além disso, a perspectiva de melhora nas economias dos outros países são um bom augúrio para as exportações americanas.

Tudo isso serviu para fortalecer a confiança das autoridades do Fed de que "a contração da atividade econômica esteja terminando". Os membros do comitê de política monetária também repetiram a previsão de que a economia vai começar a crescer de novo no segundo semestre. Esse crescimento teria como um de seus principais fatores o pacote de estímulo de US$ 787 bilhões do presidente Barack Obama.

Nesse cenário, o Fed disse que vai começar a diminuir gradualmente o seu programa de compra de US$ 300 bilhões de títulos do Tesouro até acabar com ele em outubro - um mês antes do inicialmente previsto. O programa foi desenhado para forçar as taxas de juros dos financiamentos imobiliários para baixo e incentivar os gastos dos americanos.

O Fed, entretanto, não vai alterar outro programa de compra de US$ 1,25 trilhão de títulos emitidos pelas grandes financeiras imobiliárias Fannie Mae e Freddie Mac, que também tem como meta a redução dos juros desses financiamentos.

"Com os riscos de queda da economia consideravelmente reduzidos", o Fed chegou a um consenso de que não precisa expandir esses programas.

Ao examinar as minutas do Fed, "vemos que a conclusão principal é que a economia está começando a se recuperar", disse Stephen Stanley, economista-chefe do RBS.

As autoridades do Fed também sugeriram que os gastos dos consumidores serão importantes para a recuperação.

Mercado de trabalho "fraco", créditos apertados e salários que não devem melhorar muito no curto prazo significam que os consumidores ainda vão enfrentar "ventos contrários", segundo a previsão da minuta. O comportamento dos consumidores é crucial para a recuperação porque seus gastos respondem por cerca de 70% da atividade econômica.

O desemprego - atualmente em 9,4%, mas devendo bater os 10% ainda neste ano - é o maior problema que os consumidores americanos estão enfrentando.

Segundo a ata do Fed, outra preocupação é a de que os consumidores parem de gastar para poupar mais. Para incentivar o consumo, o Fed manteve no mês passado sua taxa de juros próxima a zero. E prometeu mantê-la entre 0% e 0,25% por "um período prolongado". Economistas acham que isso significa a manutenção da taxa pelo resto do ano e talvez até por mais tempo.

"Suspeitamos que eles não aumentarão os juros possivelmente até 2011", disse Paul Dales, economista da Capital Economics.

O secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, disse ontem que os países ainda precisam manter quantidades consideráveis de estímulo até que existam sinais mais claros de que a recuperação global é sustentável. "Trilhamos um longo caminho, mas temos de ser realistas: ainda há um longo caminho a percorrer", disse ele, num momento em que outros países discutem acabar com seus planos de estímulo.