Título: Caixa da Petrobras chega a limite no trimestre
Autor: Schüffner , Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 17/08/2009, EU& S.A, p. D3

O impressionante programa de investimentos da Petrobras, que somou R$ 32,5 bilhões nos seis primeiros meses do ano, pressionou o caixa da empresa, que fechou o segundo trimestre com pouco mais de R$ 10 bilhões disponíveis. Trata-se do "valor mínimo desejado", segundo Almir Barbassa, diretor financeiro, e o menor desde 1999, numa série corrigida pela inflação.

Com empréstimos de R$ 12,6 bilhões a pagar, a radiografia do caixa em junho seria preocupante não fosse o empréstimo de R$ 25 bilhões obtido do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em julho. Esses recursos, sob a forma de títulos do Tesouro Nacional e depositados em fundos exclusivos, serão usados à medida que forem necessários, disse Barbassa ao Valor .

A companhia gerou R$ 21 bilhões no primeiro semestre, abaixo dos R$ 32,5 bilhões investidos. E ainda pagou R$ 6 bilhões em dividendos. Foram necessários "saques de novos empréstimos e armortizações de velhos empréstimos" para colocar R$ 11 bilhões no caixa, dos quais R$ 5 bilhões estavam disponíveis desde dezembro de 2008, quando a companhia contratou financiamentos já prevendo essa necessidade em 2009.

Barbassa admitiu que o volume de investimentos da estatal neste ano pode superar a meta de R$ 60 bilhões. O elevado volume se deveu a oportunidades de mercado, como as janelas de contratação de sondas para perfuração nos campos do pré-sal do litoral brasileiro. "Se a gente seguir nessa linha de realização, poderemos ultrapassar a expectativa", disse, lembrando que a tendência é de um segundo semestre mais aquecido.

O executivo ressaltou que nos seis primeiros meses do ano foram feitos investimentos que não estavam previstos no planejamento inicial, como a contratação das sondas West Polaris e Cajun Express para perfuração de poços no pré-sal. Atualmente, nesta faixa do litoral, a companhia executa perfurações nos prospectos de Iracema e Tupi, no bloco BM-S-11, e em Abará, no BM-S-9, todos na Bacia de Santos. Novos anúncios de descobertas não devem tardar. Até o fim do ano, mais duas sondas chegarão ao pré-sal de Santos, enquanto no ano que vem serão mais seis unidades na região.

O lucro líquido foi de R$ 7,7 bilhões no segundo trimestre de 2009, queda de 20% em relação ao mesmo trimestre de 2008. A receita líquida, de R$ 44,6 bilhões, também ficou 20% abaixo, puxada pela queda do petróleo, (de US$ 109 para US$ 52), mas a margem bruta subiu de 38% para 44% no período com a redução de custos.

Outro fator de impacto no lucro foi o resultado financeiro negativo de R$ 2,5 bilhões no segundo trimestre por conta dos investimentos, operações de proteção comercial e pela variação cambial sobre ativos no exterior. A utilização de estoques adquiridos a um custo menor no primeiro trimestre contribuiu positivamente com cerca de R$ 1,5 bilhão. "A desvalorização do dólar levou à valorização dos estoques. Excluídos esses fatores, o resultado é operacional, devido ao preço e à produção", disse.