Título: Governo cearense será sócio em novo projeto no Estado
Autor: Góes , Francisco
Fonte: Valor Econômico, 11/09/2009, Empresas, p. B8

A PJMR, empresa sócia do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), construirá um estaleiro no porto de Mucuripe, em Fortaleza (CE), para disputar encomendas de navios gaseiros e também embarcações de apoio marítimo. Os sócios do empreendimento já entraram com pedido de financiamento de US$ 100 milhões junto ao Fundo da Marinha Mercante (FMM), linha de empréstimo de longo prazo e baixo custo para o setor. O FMM financia até 90% de um projeto, o que significa que o novo estaleiro cearense, batizado de Promar Ceará, deve receber investimentos totais de US$ 110 milhões.

O Promar Ceará surge já de olho nas encomendas de oito navios gaseiros da Transpetro, a subsidiária logística da Petrobras, cujas propostas terão de ser apresentadas até 15 de outubro. O novo estaleiro também pretende disputar os próximos lotes a serem lançados pela Petrobras para a construção e afretamento de navios de apoio às plataformas de petróleo. No total, a estatal planeja encomendar 146 navios desse tipo.

Por enquanto, porém, o Promar Ceará é considerado um estaleiro "virtual" porque só a partir do momento que a empresa ganhar uma licitação é que ele será erguido. Segundo o Valor apurou, caso ganhe os contratos, o empreendimento ainda poderá ter novos acionistas. Um deles é o governo do Ceará, que ficaria com uma fatia de 15% na empresa. Isso seria feito por meio da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), uma sociedade de economia mista. A motivação para investir viria do número de empregos que o projeto pode gerar. Também está em negociação a entrada de um empreendedor local, não revelado pelos acionistas da PJMR.

Procurado pela reportagem, o governo cearense afirmou, via assessoria de imprensa, que não tinha um porta-voz para comentar o assunto no momento.

A opção de instalar o Promar no Ceará busca não tirar mão de obra do outro estaleiro do qual a empresa participa como acionista, o Atlântico Sul, em Suape (PE), que ainda tem como sócios Camargo Corrêa, Queiroz Galvão e Samsung. Como se instalou em uma área sem tradição naval, o EAS treinou mais de 2 mil funcionários.

O foco de atuação de ambos os projetos é distinto. O objetivo do estaleiro em Pernambuco é construir navios de grande porte, enquanto o Promar ficará com embarcações de menor porte, algo permitido pelo acordo de acionistas do EAS. Mas essa não é uma situação que deixa o Atlântico Sul totalmente confortável, já que, em tempos de licitações escassas, o EAS poderia vir a ampliar seu foco de atuação.

Também fica claro que o Promar Ceará chega para disputar mercado com outras empresas que atuam no segmento de navios de apoio marítimo, segmento em que já existe forte competição no Brasil. Um fato curioso é que o estaleiro cearense deverá no futuro impor concorrência ao próprio STX Brasil, de Niterói (RJ). Antes de ser adquirido pelos coreanos da STX, o estaleiro pertencia aos sócios da PJMR e respondia pela marca Aker-Promar, então uma parceria com os noruegueses da Aker Yards. Hoje dois dos quatro sócios da PJMR ainda são executivos do STX Brasil. (CM e FG)