Título: Após greve, metalúrgicos de Honda e Toyota obtêm reajuste real de 5,32%
Autor: Maia , Samantha
Fonte: Valor Econômico, 16/09/2009, Brasil, p. A2

Após 24 horas de paralisação, na segunda-feira, os metalúrgicos da Honda, de Sumaré, e da Toyota, de Indaiatuba, ambas em São Paulo, receberam uma proposta de aumento de 10%, que inclui reajuste real de 5,32% mais a inflação, medida pelo INPC, de 4,44% . A oferta foi uma contraproposta aos trabalhadores e foi aceita em assembleias no dia de ontem. Os quase 2 mil trabalhadores da Toyota e os 3,5 mil da Honda haviam paralisado a produção, após recusar a oferta inicial do Sinfavea (o sindicato das montadoras), de 2% de aumento real, mais abono de R$ 1,5 mil. O acordo passa a ser o maior já negociado este ano e supera o acordo feito pelos metalúrgicos do ABC, além de virar uma referência para as categorias que ainda estão em negociação, inclusive os metalúrgicos do Paraná, em greve.

Os trabalhadores reivindicavam reajuste de 14,65%. Derci Lima, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, diz que a greve foi determinante para o fechamento da negociação. "Não conhecemos ainda no Brasil um acordo com reajuste real maior."

A Honda confirmou o acordo, e segundo a assessoria de imprensa da companhia, o segundo turno de trabalho já havia sido normalizado ontem . A direção da Toyota não foi encontrada para comentar o resultado. Os metalúrgicos da fábrica da Mercedes-Benz, em Campinas, que não receberam a mesma proposta de reajuste feita aos empregados da Honda e da Toyota, podem entrar em greve.

No sábado, os metalúrgicos das montadoras da região do ABC haviam aprovado proposta de 6,53% de aumento salarial - 4,4% de reposição salarial referente à inflação do período, mais 2% de aumento real e abono de R$ 1.500, que, segundo o sindicato, equivale a mais 2,07% de aumento real. "Um índice fantástico, se considerarmos que em novembro de 2008 o cenário era de crise econômica internacional", avaliou Sérgio Nobre, presidente do sindicato que representa os metalúrgicos do ABC, ao final da assembleia que aprovou o acordo, no sábado.

Com o acordo fechado na região de Campinas, a reivindicação de aumento salarial dos metalúrgicos de São José dos Campos, a mais alta da categoria, ganha força. Nessa base, o pedido é de aumento real de 8,53%. O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, filiado ao Conlutas, uma dissidência da CUT, tenta negociar um acordo direto com a General Motors, a maior empresa da região.

Uma tentativa de audiência entre os sindicalistas e representantes da montadora no Tribunal Regional do Trabalho de Campinas, ontem, terminou em impasse. O juiz Luiz Antonio Lazarim recomendou que as partes se reúnam esta semana. Os trabalhadores fazem assembleia hoje. De acordo com o sindicato de São José dos Campos, caso não haja acordo satisfatório, os trabalhadores deverão decidir por nova greve, de 48 horas ou por tempo indeterminado.

No Paraná, a greve dos metalúrgicos ganhou ontem a adesão dos 2,6 mil empregados da Volvo, que cruzaram os braços por tempo indeterminado. Eles se juntaram aos 8,5 mil trabalhadores da Volkswagen e da Renault, que protagonizam uma das mais longas paralisações nas montadoras do Estado, iniciadas nos dia 3 e 4, respectivamente. De lá para cá, cerca de 14 mil automóveis deixaram de ser produzidos nas duas fábricas.

A Volvo, que produz caminhões, ônibus e motores, ofereceu 6,53% de reajuste salarial (2% de aumento real e 4,44% de reposição de 100% do INPC) e abono de R$ 2 mil em setembro. Mas a montadora não concordou em reajustar o vale-mercado, congelado em R$ 60 há 13 anos. Os metalúrgicos, que na semana passada falavam em reajuste de 10%, já admitem reajuste de, no mínimo, 8%, além do abono de R$ 2 mil e vale-mercado de R$ 120. A direção da montadora diz que fez proposta melhor que as apresentadas em outros Estados.

A Volks apresentou ontem a primeira proposta aos empregados do Paraná, que também foi rejeitada. Além de não concordar com os 6,53% de reajuste, os empregados não aceitam o desconto de um dia por mês dos dias parados. A Renault, além da mesma proposta rejeitada na Volvo, se propôs a pagar reajuste de 1%, pendente desde a negociação de 2008, mas quer incluir os dias parados no banco de horas. Além de não concordar com os valores, o sindicato quer garantia de emprego até 31 de dezembro. A Volvo fala em "manter o nível médio de emprego até o início de dezembro deste ano". (Colaborou Marli Olmos, de São Paulo)