Título: Caça francês é o preferido, confirma Jobim
Autor: Agostine , Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 17/09/2009, Brasil, p. A2

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, confirmou ontem a preferência política do governo brasileiro em comprar aviões caças da França, para renovar a frota da Força Aérea Brasileira. Segundo Jobim, a francesa Dassault deverá ser a escolhida se confirmar a transferência de tecnologia ao Brasil para a construção dos caças. O ministro da Defesa disse que o presidente da França, Nicolas Sarkozy, teria garantido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a redução do preço da hora de voo do caça Rafale, fabricado pela empresa francesa, com subsídio do governo francês sobre esse valor. O negócio só será fechado no dia 21, prazo final para as empresas concorrentes apresentarem propostas.

Ao participar ontem de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado, Jobim disse que "o negócio ainda não está fechado" com a empresa francesa, "mas há efetivamente uma opção pela França, desde que cumpra a opção pela transferência de tecnologia". "Nós temos parceria estratégica firmada com a França desde 2008. Essa opção política existe há muito tempo", disse.

Além da francesa Dassault, estão na disputa a sueca Saab e a americana Boeing. Jobim disse que a negociação com os Estados Unidos não foi boa, porque "os americanos não queriam falar sobre transferência de tecnologia". Já os franceses teriam falado em "transferência irrestrita e absoluta". "Não é um festival de compras. É um festival de capacitação nacional", disse, em tom ufanista. "Ou o Brasil se capacita ou será sempre dependente", afirmou.

Segundo relato de Jobim, um dos atrativos oferecidos pelo presidente francês ao presidente Lula foi uma espécie de subsídio à hora-voo: o custo seria reduzido a ¿ 9,8 mil, de acordo com Jobim. A oferta inicial estava estimada em cerca de ¿ 14 mil. O ministro comentou que o valor acima dos ¿ 9,8 mil seria custeado pela França. Outra promessa de Sarkozy seria o "mercado da América Latina" para os brasileiros venderem, posteriormente, os aviões fabricados no país.

Ao fim de uma audiência, os senadores da oposição saíram criticando Jobim e o governo brasileiro pela escolha antecipada dos caças da França. "É um jogo de cartas marcadas", disse o senador Heráclito Fortes (DEM-PI). "Essa conotação anti-americanos não é compatível com o mundo que vivemos. É uma coisa dos bancos da escola", reclamou.