Título: Aço importado pode voltar a ter alíquota zero
Autor: Lamucci , Sergio
Fonte: Valor Econômico, 22/09/2009, Brasil, p. A6

O governo poderá reduziu ou até mesmo voltar a zerar as alíquotas de importação do aço, caso as siderúrgicas aumentem os preços do produto, ameaçou ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Eu andei vendo o preço do aço se movimentando", disse ele. "Eu desaconselho as empresas a fazerem isso, porque não se justifica."

Segundo Mantega, as companhias ainda estão com bastante capacidade ociosa, e um reajuste de cotações não se justificaria nesse cenário. "Está sobrando aço do mundo. Se houver aumento, nós reduziremos a alíquota de importação, que foi elevada para 12%. Ela pode até zerada", disse o ministro, afirmando que a redução das tarifas, nesse quadro, ajudaria a fomentar a concorrência e não permitir que o preço suba. O Brasil voltou a tributar o aço importado em até 12% este ano depois de uma forte pressão das usinas locais diante do aumento da importação. As alíquotas de uma série de tipos de aço haviam sido zeradas em 2005.

O presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Benjamin Steinbruch, confirmou que a empresa está promovendo um aumento de 10% nos preços, a ser implementado em setembro, outubro e novembro, mas apenas para o setor de distribuição de aço. Steinbruch disse, porém, que não haverá aumentos para os clientes industriais. "Não há possibilidade de aumento porque o preço está fechado até dezembro. É o caso da indústria automobilística, da linha branca e de setores correlatos."

O empresário disse que uma eventual redução da alíquota de importação seria negativa para o setor, especialmente para os planos de investimento. "Como é um setor muito intensivo em capital, nós pensamos muito no médio e no longo prazo. A mudança seria um complicador", afirmou ele, acrescentando que já teve a oportunidade de falar com Mantega sobre o assunto. "Eu disse que ele ficasse tranquilo porque não há a possibilidade de reajuste de preços para a indústria até o fim do ano."

Como Mantega, Steinbruch também participou do 6º Fórum de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ele disse que a CSN tem margem no mercado interno, mas "apanha feio" no exterior. "Nós perdemos a Corus para a Tata porque o governo indiano entrou diretamente no capital da Tata. É uma estratégia de país. Com a tarifa de 12% sobre o importado, ainda temos um produto 20% mais barato." Segundo ele, hoje, o produto importado equivale a 25% do mercado de aço. "É o mercado interno que está nos garantindo, não são os 12% de alíquota. Para sair da crise o Brasil precisa proteger o mercado interno", argumentou.