Título: Pré-sal trará impacto positivo na balança comercial
Autor: Watanabe , Marta
Fonte: Valor Econômico, 22/09/2009, Brasil, p. A7

A exploração do petróleo do pré-sal deverá trazer forte impacto positivo para a balança comercial brasileira. Atualmente, a Petrobras é a empresa que mais importa produtos no país, tendo comprado US$ 24 bilhões do exterior no ano passado, ou 13,91% de toda a pauta de importações do Brasil. Deverá ser reduzida principalmente a importação de óleo leve e diesel, que o país sempre produziu menos do que consumia.

Em 2008, apenas em óleo combustível, foram importados pelo país US$ 5,2 bilhões e, em petróleo bruto, foram outros US$ 16,4 bilhões de janeiro e dezembro, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Segundo Mauro Yuji, gerente de planejamento do pré-sal da Petrobras, ligado à area de exploração e produção, o óleo encontrado na região é leve e com bom aproveitamento para a produção de diesel, entre outros componentes. O Brasil consome 1,8 milhão de barris de diesel por dia, o que a acarreta a necessidade de importação.

Em apresentação a jornalistas ontem, em Brasília, Yuji explicou que, apesar de o país já ser autossuficiente no setor de petróleo, exporta-se óleo pesado e se importa o leve, o que causa esse impacto na balança comercial. Atualmente, são importados 300 mil barris de óleo leve por dia e uma quantidade similar é exportada em óleo pesado. Com a exploração do pré-sal, essa quantidade de óleo leve importada poderá ser reduzida ou até extinta, diz Yuji "É um processo de substituição de importações."

No setor de gás natural, Yuji não sinaliza uma interrupção das importações, mas reconhece que o Brasil ficará menos dependente da compra do produto, notadamente da Bolívia. Na primeira fase de exploração do bloco de Tupi, que se inicia em 2011, o gás extraído deverá ser escoado pelo gasoduto que vai de Mexilhão até Guaratinguetá (SP), diz ele.

Um novo gasoduto deverá ser construído, ligando Tupi a Mexilhão, para escoar 10 milhões de metros cúbicos por dia. Mas, nessa primeira fase, seriam transportados de 3 a 4 milhões de metros cúbicos. De Mexilhão até o continente, segundo Yuji, se aproveitaria a infraestrutura existente, que comporta até 20 milhões de metros cúbicos e deverá ter capacidade ociosa por alguns anos.

Na segunda fase, porém, ainda não há modelo definido para o transporte de gás, que poderá ser feito também por navios, tanto se for transformado em líquido - por pressão ou temperatura - ou passar por um projeto de criogenização, uma espécie de congelamento. Em ambos os casos, o produto seria novamente transformado em gás na costa e colocado na malha dos gasodutos.

O escoamento de óleo, na primeira fase de produção em Tupi, já deverá ser feito por navios, diz Yuji. Ele destaca, porém, que as águas sob as quais se encontram os poços são bastante agitadas e, portanto, é necessário processo envolvendo no mínimo três embarcações para trazer o óleo à costa ou exportá-lo.

Yuji diz que o projeto inicial de exploração no pré-sal já seria viável economicamente, mas que a Petrobras ainda espera otimizações. Ele informa que o primeiro poço do pré-sal, de Parati, demorou 14 meses para ser encontrado e custou R$ 240 milhões. Os últimos custaram de R$ 90 a R$ 100 milhões e levaram de 70 a 80 dias para se ter uma boa noção do seu aproveitamento, completa Yuji.