Título: Argentina quer fornecer à Petrobras
Autor: Watanabe , Marta
Fonte: Valor Econômico, 22/09/2009, Brasil, p. A7

Depois de uma reunião em São Paulo de quase duas horas, o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, e a ministra argentina da Produção, Débora Giorgi, anunciaram ontem que os dois países irão considerar como pauta prioritária a "máxima integração produtiva". Agências de desenvolvimento dos dois governos deverão levantar estudos para verificar a melhor forma de aproveitar a complementaridade nas indústrias naval e de petróleo.

"Na área de petróleo e gás, a Argentina tem tradição importante e capacidade não só em relação a grandes equipamentos, como no fornecimento de partes, peças e componentes a serem fornecidos por pequenas e médias empresas", diz Jorge. Com o anúncio, os argentinos deixam claro seu interesse em fornecer equipamentos e peças para o pré-sal. O ministro brasileiro lembra que o governo deve estimular a produção de componentes para a exploração do pré-sal também por pequenas e médias no Brasil, seguindo a ideia de produzir localmente o maior volume possível de equipamentos.

Segundo a ministra argentina, trata-se de uma grande oportunidade para "fazer a integração produtiva ser uma realidade". As empresas dos dois países, segundo ela, podem encontrar a "complementaridade natural". Na avaliação dos dois ministros, o estudos ainda devem ser feitos e ainda não há metas de investimentos.

Os ministros também anunciaram que os dois países deverão intensificar a troca de informações sobre o comércio bilateral. Segundo Jorge, representantes dos dois países deverão se encontrar a cada dois meses para discutir pleitos e reclamações de exportadores e importadores. Segundo Jorge, há um comprometimento para análise e solução rápidas para atrasos na liberação de mercadorias de exportadores brasileiros.

Os ministros não divulgaram, porém, nenhuma avanço nos setores que ainda aguardam os acordos de comércio bilateral entre os dois países. Segundo Jorge, os que foram assinados, como por exemplo, dos setores de móveis, madeira e calçados, estão sendo cumpridos. Há somente problemas "conjunturais e pontuais" em relação à liberação de mercadorias por conta da implementação das licenças não automáticas pela Argentina. Uma dessas reclamações pontuais, diz o ministro, vem do setor automotivo, mas somente para venda de mercadorias para reposição. "Na produção, os mercados argentinos estão abastecidos."

Segundo Jorge, com a recuperação econômica brasileira, as reclamações dos brasileiros em relação a desvio do comércio para a China foram amenizados. Também, segundo ele, houve uma percepção de que o decréscimo das exportações era generalizado em função da crise.

Para o ministro brasileiro, Brasil e Argentina mantiveram um fluxo comercial importante, apesar da crise. Este ano, diz , a corrente de comércio entre os dois países deve ficar entre US$ 20 bilhões e US$ 21 bilhões. No ano passado foram cerca de US$ 30 bilhões. Débora Giorgi voltou a dizer que as licenças automáticas representam apenas 7% das exportações brasileiras à Argentina. "Estamos buscando acordos como aposta a uma integração produtiva real. Todos os setores chegarão a um acordo a seu tempo."