Título: Dilma e Berzoini divergem sobre lançamento
Autor: Lyra , Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 22/09/2009, Política, p. A9

A chefe da Casa Civil, ministra Dilma Rousseff, disse ontem que é possível o PT oficializar, em outubro, o seu nome como candidata à Presidência. Nome preferido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para sua sucessão, Dilma parou de crescer nas pesquisas estagnando abaixo de 20% de intenção de voto. Além disso, cresce a pressão do PMDB para que a candidatura seja oficializada. Apesar disso, o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP) não está convencido: "Dilma é a nossa candidata, não há dúvida. Mas a oficialização só acontecerá no ano que vem."

Segundo Berzoini, o cronograma de consolidação da candidatura Dilma foi acertado na última reunião do Diretório Nacional petista. "A definição política da candidatura acontecerá em fevereiro, durante o Congresso Nacional do PT. E a definição jurídica será em junho, durante a convenção nacional", explicou o presidente do PT.

Para não entrar em atrito com a cúpula partidária, Dilma lembrou que cada partido - inclusive o PT - tem seu ritmo. "Eu entendo o anseio do presidente do PMDB de ter esta decisão até outubro - referindo-se à entrevista do presidente licenciado do PMDB, Michel Temer (SP) no fim de semana - e acho que há de haver um esforço para ver se é possível. Tem que se esforçar muito para ver se é possível. Em princípio é. A gente não pode descartar nada", declarou ela.

Na sexta-feira, o presidente Lula, em entrevista à Rádio Guaíba, já havia dito que o PT estava preparado para lançar Dilma como candidata à Presidência e Tarso Genro (ministro da Justiça) como candidato ao governo do Rio Grande do Sul. "Qualquer um deles tem obrigação de fazer mais do que eu fiz nos últimos oito anos", completou o presidente.

Berzoini não fez concessões nem com a pressão pemedebista nem com as palavras de Dilma ou de Lula. Afirmou que a chefe da Casa Civil atingiu um nível de aceitação ímpar na militância partidária, o que significa uma oficialização da candidatura. "Já há um entendimento político em torno dela, algo que raramente acontece em se tratando de PT". Mas prosseguiu afirmando que a definição do cronograma feita pela cúpula partidária tem a ver com o conjunto de cargos em disputa no ano que vem. "Durante o congresso de fevereiro não estaremos apenas sacramentando o nome de Dilma. Vamos também desenhar os palanques estaduais e o leque de alianças com os aliados", justificou.

Berzoini entende a pressão do PMDB e acha, até mesmo, que o novo discurso do aliado é melhor para o PT. Segundo ele, os pemedebistas antes defendiam que as alianças estaduais deveriam ser consideradas prioritárias para que, só então, os dois maiores partidos da coalizão passassem a conversar sobre a candidatura estadual. "Agora não, eles inverteram a proposta. Querem a definição nacional primeiro. Em minha visão, isto tornará mais fácil o acerto dos palanques regionais", declarou Berzoini.