Título: Meirelles acerta sua filiação ao PMDB
Autor: Ulhôa , Raquel
Fonte: Valor Econômico, 25/09/2009, Política, p. A8

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, acertou ontem sua filiação ao PMDB com o presidente nacional licenciado do partido, Michel Temer (SP), mas seu futuro eleitoral depende ainda de conversas que deve ter hoje com o presidente do PMDB de Goiás, Adib Elias, e o prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB).

No PMDB, Meirelles pode disputar o governo do Estado, desde que Iris abra mão de sua candidatura - hoje a mais competitiva do partido para enfrentar o senador Marconi Perillo (PSDB) -, ou o Senado Federal e ainda se mantém como uma reserva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ocupar a Vice-Presidência na chapa da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). Essa possibilidade é considerada a menos provável no momento.

Meirelles tinha duas opções partidárias: o PMDB de Iris ou o PP do governador Alcides Rodrigues. A ida para o PP daria a Meirelles a garantia da candidatura a governador e o apoio da máquina administrativa estadual. Tinha, ainda, chance de ter a adesão do DEM, cujas lideranças admitiam trocar a candidatura de Perillo pela de Meirelles.

" Estando no PMDB, ele não seria apoiado pelo DEM em hipótese alguma " , afirmou o senador Demóstenes Torres (GO). A razão, segundo ele, é que Meirelles está indo para a base de Lula no Estado para montar um palanque exclusivo para Dilma.

Por outro lado, uma filiação ao PP dividiria o PT local, majoritariamente contrário a essa opção. Os petistas são aliados do PMDB em Goiás. Além disso, o presidente do Banco Central não teria a garantia do apoio do PMDB a uma eventual candidatura sua a governador pelo PP.

O prefeito Iris Rezende, que aparece nas pesquisas ora empatado com Perillo, ora liderando a corrida, hesita em assumir ser candidato a governador mas, por outro lado, também não abre mão antecipadamente. Ele argumenta que gostaria de concluir seu mandato na Prefeitura de Goiânia, sua primeira eleição após a derrota - considerada humilhante por seus aliados - para Perillo, na disputa a governador em 1998. Em 2002, voltou a sofrer derrota, dessa vez para o Senado. Iris governou o Estado por duas vezes e está no terceiro mandato de prefeito.

Independentemente de disputar ou não em 2010, Iris defende que o PMDB - por ser o maior do Estado - tenha candidato próprio a governador. Em relação a Meirelles, o prefeito, que é a maior liderança estadual do PMDB e é aliado de Lula desde 2002, entende que, mesmo estando no PMDB, sua candidatura a governador depende do desempenho eleitoral que demonstrar.

A presidente nacional em exercício do PMDB, deputada federal Iris de Araújo (GO), mulher do prefeito de Goiânia, afirmou ontem que, " se não houver embaraços " nas conversas finais de Meirelles com o PMDB goiano, " ele poderá vir a integrar o partido " .

Em 2002, sem ter história política no Estado, Meirelles foi eleito o deputado federal mais votado de Goiás, pelo PSDB. Estava aliado ao então governador Marconi Perillo, que disputava a reeleição. O recém-eleito deputado abriu mão do mandato na Câmara e saiu do PSDB para aceitar o convite de Lula e assumir o Banco Central.