Título: Transferência de tecnologia de caça é incerta, diz Jobim
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Fonte: Valor Econômico, 09/10/2009, Brasil, p. A4

A intenção do governo francês de realizar uma transferência irrestrita de tecnologia, caso os caças franceses Rafale sejam escolhidos pelo governo brasileiro para equipar a Força Aérea Brasileira (FAB), não é garantia de que a Dassault, fabricante do equipamento, seguirá a determinação dada pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy., avalia o ministro da Defesa, Nelson Jobim. Ele ressaltou que a Dassault é uma companhia é privada e que o governo francês possui apenas ações preferenciais da empresa, sem direito a voto.

"Tem que saber se a Dassault, nas propostas que fez à FAB, traz ou não (a transferência tecnológica). Eu creio que sim, mas vamos verificar", disse Jobim, durante a abertura da 10ª Convenção Nacional da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (Adesg), no Rio.

O ministro ressaltou que a preferência demonstrada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelos equipamentos franceses não significa que Lula tenha batido o martelo pelo Rafale. Segundo Jobim, a demonstração do presidente segue a ideia da parceria estratégica fechada entre os dois países, que culminará na construção e fornecimento do submarino nuclear para a Marinha do Brasil.

"Não dá para falar em tendência (de que o caça francês será escolhido). Temos uma afirmação do presidente Sarkozy, dirigida ao presidente Lula, de que a transferência de tecnologia é irrestrita. Temos que ver a transferência irrestrita na proposta que a Dassault fez", explicou Jobim, acrescentando que a transferência de tecnologia vai ser o ponto decisivo na escolha de um dos três aviões concorrentes.

Além da Dassault, que produz o caça Rafale, concorrem na licitação internacional a americana Boeing, com o F-18 E/F Super Hornet, e a sueca Saab, com o Gripen NG. As propostas foram entregues à FAB na semana passada e a decisão, segundo Jobim, deve acontecer ainda este ano.

O ministro da Defesa também afirmou que o estudo com os cálculos dos custos de adoção da Estratégia Nacional de Defesa (END) deverá ficar pronto em até 60 dias. "O cálculo ainda não foi feito, quero fazer uma programação de 20 anos. Mas fique certo de que não passa de 0,7% do PIB", revelou Jobim.