Título: O que não sucumbiu
Autor: Jeronimo, Josie; Sassine, Vinícius
Fonte: Correio Braziliense, 13/06/2010, Política, p. 4

Pela ótica dos adversários internos, como o senador Pedro Simon (PMDB-RS), Michel Temer não é um excelente candidato. É um bom candidato. E um mau anfitrião. ¿Temer foi deselegante. Como presidente do partido, não estava aqui para me receber¿, reclamou o ex-governador do Paraná Roberto Requião, ao deixar a convenção do partido poucos minutos antes de Temer chegar.

O deputado federal Michel Temer, que faz 70 anos dias antes do primeiro turno das eleições, ganhou corpo dentro do PMDB, da Câmara e do governo Lula a partir da derrocada das lideranças que o ladeavam ontem na mesa principal da convenção do partido. À sua esquerda estavam Renan Calheiros, de Alagoas, Jader Barbalho, do Pará, e José Sarney, do Maranhão, líderes do PMDB apagados por sucessivos escândalos de corrupção.

À sua direita, Temer ajeitou o goiano Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, recente filiado que quase chegou a vice de Dilma Rousseff ¿ era a vontade de Lula. Homem-forte no governo, enfraquecido na legenda dos grandes caciques, Meirelles sucumbiu. Temer marcou território e acabou escolhido como vice de Dilma oito anos depois do apoio a José Serra (PSDB) ¿ novamente rival do PT nas urnas ¿ em 2002.

Presidente da Câmara, do PMDB e, agora, candidato a vice-presidente da República, o deputado federal por São Paulo é advogado e foi professor de direito. Já presidiu a Câmara por outras duas vezes. Antes de chegar ao Legislativo, foi secretário de Segurança Pública e procurador do Estado em São Paulo. Disputou a vice-prefeitura da capital paulista em 2004. (VS)