Título: Presidente critica atuação do TCU
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Fonte: Valor Econômico, 29/09/2009, Política, p. A6

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, durante posse do novo ministro da Relações Intitucionais, Alexandre Padilha, que pretende marcar uma reunião com empresários, deputados e ministros do Tribunal de Contas da União para definir a competência do TCU. Órgão ligado ao Congresso Nacional e com a missão de fiscalizar o governo federal, o TCU tem sido alvo de críticas constantes do presidente Lula. "Não queremos diminuir o TCU mas também não queremos prejudicar as obras paradas sem explicação", disse o presidente.

Lula deu como exemplo o metrô de Fortaleza, que estava paralisado sob a acusação de um superfaturamento de R$ 227 milhões, reduzido em seguida para R$ 16 milhões. "É preciso que a gente fique com uma estrutura ágil para este tipo de coisa", acrescentou o presidente. Lula disse que esta foi uma das razões para indicar José Múcio Monteiro - antecessor de Padilha - para uma vaga no TCU. "Você é engenheiro, foi parlamentar e agora será ministro do TCU. Conhece todos os lados deste debate" avisou o presidente. Padilha também havia, em seu discurso, dado uma indireta sobre esta preocupação [o funcionamento do TCU] que permeia o Executivo. "A interpretação das normas - e não as normas em si - está aquém das reais necessidades do povo brasileiro", ressaltou o novo ministro.

Durante a posse do novo ministro - a que compareceram mais de mil pessoas - Lula defendeu o modelo de coalizão de seu governo, incluindo a distribuição de cargos aos aliados. "Engraçado, eu nunca vi alguém assumir o governo, empregar os inimigos e deixar amigos e aliados de fora. Estas besteiras (o loteamento dos cargos) são ditas por quem não quer que mexamos nas pessoas colocadas por eles", disse.

Em relação ao novo ministro, Lula brincou que se soubesse que ele era "tão petista e tão lulista como afirmou no discurso de posse", teria escolhido outra pessoa. Deu um "puxão de orelhas" nele, lembrando que, durante sua intervenção, Padilha não citou o nome da chefe da Casa Civil, ministra Dilma Rousseff. "A partir de agora, você vai sentir o peso da Casa Civil". Da mesma maneira, Padilha esqueceu de citar o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. "É ele que vai liberar as emendas dos deputados para as pontes, praças e quadras de esportes", disse Lula.

O presidente comparou os parlamentares a peões de fábrica. Disse que nos tempos de sindicalista sabia que não adiantava aparecer apenas para pedir a contribuição sindical. "É como o Congresso, não adianta conversar com os deputados e senadores - algo que muita gente considera chato - apenas na hora em que precisamos que eles votem alguma coisa". Um dos principais desafios de Padilha é liberação das emendas.

Um dos senadores presentes disse que foi justamente essa expectativa que levou tanta gente à posse de Padilha. O novo articulador político prometeu empenho: "A base aliada precisa sentir-se contemplada em suas reivindicações e receber os créditos pelas boas ações em favor do governo".

O novo ministro, que antes da nova tarefa era subchefe de Assuntos Federativos, declarou que a sua indicação consolidava "a política municipalista do governo federal" e acrescentou que a governabilidade só é conquistada por um governo "que tenha um real projeto de país".