Título: La Paz reclama de atraso de pagamento argentino
Autor: Moura , Marcos
Fonte: Valor Econômico, 05/10/2009, Internacional, p. A14
A Argentina está dois meses atrasada em seus pagamentos pelo fornecimento de gás natural da Bolívia, disse uma autoridade do governo em La Paz.
Neste ano, a Bolívia triplicou o suprimento de gás natural à vizinha Argentina - de 2 milhões de m3 por dia para aproximadamente 6 milhões de m3 -, disse William Donaire, vice-ministro de venda de energia. A Bolívia pretende incrementar o suprimento diário para 10 milhões de m3 no ano que vem, disse Donaire.
A Bolívia está ampliando as vendas à Argentina, pois a demanda do Brasil, seu maior cliente, vem minguando devido ao crescente suprimento energético proveniente de usinas hidrelétricas. A empresa energética estatal boliviana Yacimientos Petroliferos Fiscales Bolivianos (YPFB) procurará receber pagamentos da Enarsa, uma estatal argentina.
"Precisamos ter certeza de que eles vão nos pagar", disse Donaire, em La Paz.
Não foi possível obter comentários oficiais das assessorias de imprensa do Ministério do Planejamento argentino e da Enarsa.
A Argentina tem dependido cada vez mais de gás natural liquefeito (GNL) importado e de exportações da Bolívia para compensar o declínio em seus suprimento doméstico.
O presidente da YPFB, Carlos Villegas, disse em 20 de agosto que a Bolívia iria procurar reduzir a quantidade máxima que pode pode ser comprada pelo Brasil, especificada em um acordo de 20 anos, para vender mais à Argentina. O acordo expira em 2019.
A Bolívia fornece gás ao Brasil através de um gasoduto que chega ao polo industrial de São Paulo e atende os Estados mais ao sul do país.
Chuvas mais intensas do que o normal permitiram ao Brasil gerar mais eletricidade em barragens hidrelétricas, fazendo com que as compras de gás da Bolívia caíssem até o mínimo contratual de 19,25 milhões de m3 por dia. O limite superior é 31 milhões de m3 por dia.
A Bolívia está também tentando vender gás para o Paraguai e Uruguai, disse Donaire. O país está em negociações com a brasileira Braskem e a suíça Ammonia Casale visando a produção de amônia, fertilizantes e outros derivados de petróleo.
A fabricação desses produtos a partir de petróleo e gás bolivianos exigiria um investimento de até US$ 4 bilhões, disse Donaire.