Título: PMDB propõe ampliar o núcleo decisório da candidatura Dilma
Autor: Ulhôa , Raquel
Fonte: Valor Econômico, 16/10/2009, Política, p. A7

A cúpula nacional do PMDB vai sugerir ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em encontro marcado para quarta-feira, a formação de um bloco de apoio à candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) à Presidência da República. A estratégia é reunir as legendas governistas em um bloco político para antecipar a polarização eleitoral com a oposição.

O grupo seria constituído somente após a conclusão das conversas que o PT e a ministra estão tendo com os aliados, "para não atropelar ninguém", como explica o líder do partido na Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (RN). A ideia do bloco é do presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), presidente da Câmara. Um dos objetivos é garantir a participação de todos os aliados na discussão das estratégias de campanha, "evitando que as decisões sejam tomadas apenas por PMDB e PT", segundo o líder.

O encontro de quarta-feira foi marcado para que Lula convide formalmente o partido para compor a chapa da ministra, indicando o candidato a vice. O nome não deve ser discutido agora, mas o mais cotado, por enquanto, é o de Temer. Além de ocupar a Vice-Presidência, o PMDB quer ter participação ativa na elaboração do programa de governo e no gerenciamento da campanha eleitoral.

Esses pontos devem constar de documento que a cúpula do partido pretende levar a Lula na quarta-feira, no qual se espera a formalização do pré-compromisso de aliança para a eleição presidencial de 2010. A ideia, segundo o líder do partido na Câmara, é entregar ao presidente um documento sucinto, contendo as "premissas" do PMDB para a aliança com o PT e o apoio a Dilma.

A cúpula pemedebista também pretende apresentar a Lula outra sugestão, esta do líder Henrique Alves: que o presidente afaste-se do governo por pelo menos um mês durante a campanha eleitoral, em 2010, para percorrer o país com Dilma. Seria um esforço para transferir um pouco de sua popularidade à candidata.

O que o deputado propõe é uma espécie de reedição das caravanas realizadas por Lula em 1993 e 1994, em campanha pela sua segunda disputa à Presidência da República. "A ideia é que o presidente faça para ela caravanas pelo país como fez para ele, com roteiro pré-estabelecido e participação de lideranças nacionais", afirma Alves.

Na opinião do líder, a ministra ainda tem baixo conhecimento na população e a forma eleitoralmente mais eficiente de sua apresentação à população é por meio do próprio Lula. "Pela sua credibilidade e força política e eleitoral, o presidente tem autoridade para dizer ao eleitor por que votar em Dilma, por que continuar o projeto iniciado com seu governo", diz o deputado.

A formalização de um pré-compromisso eleitoral entre PMDB e PT foi proposta por Temer e Alves a Lula, com o objetivo de conter o movimento de pemedebistas defensores do apoio do partido à candidatura do governador tucano José Serra (SP) a presidente. A articulação mais forte parte do ex-governador de São Paulo Orestes Quércia, presidente do partido em São Paulo, aliado de Serra.

A aliança nacional com o PT precisa ser aprovada em convenção nacional do PMDB, a se realizar em junho de 2009. Os atuais entendimentos estão sendo feitos como sinalização aos diretórios estaduais da intenção da cúpula e do compromisso do governo com a legenda.

A entrega de uma relação de "premissas" do apoio do PMDB a Dilma repete gesto do partido em 2006, quando foi aprovada a participação no governo Lula. Na ocasião, o presidente recebeu do PMDB uma relação de sete propostas, que incluía, entre outros itens, pedido de compromisso dos aliados com as reformas política e tributária, política econômica que levasse a crescimento de 5% ao ano e proposta de criação de um conselho político de partidos aliados para acompanhar as ações do governo.