Título: Bioeletricidade procura ganhar campo
Autor: Capozoli , Rosangela
Fonte: Valor Econômico, 20/10/2009, Especial, p. F6

Quase esquecido diante das aclamações ao etanol e às descobertas do pré-sal, o bagaço de cana-de-açúcar ainda aguarda real reconhecimento por suas vantagens. E elas são muitas, quando se fala em bioeletricidade. Um estudo da União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica) revela que o conjunto das usinas do país poderá produzir na safra 2020/2021 um total de 13.150 megawatts (MW) de potência, o que equivale à produção de uma Itaipu e meia. Para um país onde as hidrelétricas - dependentes do nível das chuvas - representam 73,1% da energia elétrica, a bioeletricidade é apontada como o complemento mais limpo e seguro.

Quando as represas baixam, o governo lança mão das poluidoras térmicas a carvão. "A bioletricidade que as usinas de cana podem gerar em 2021 evitaria as 101 milhões de toneladas de CO2 que as térmicas a carvão vão emitir entre 2009 e 2021", calcula Zilmar José Souza, assessor em bioeletricidade da Unica.

De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o fato de as fontes hídricas serem majoritárias na matriz energética faz com que todo o aparato regulatório, comercial e operacional do sistema elétrico fique em torno das grandes hidrelétricas. Aos poucos, no entanto, as entidades que representam as usinas de açúcar e álcool estão conseguindo inserir a bioeletricidade no contexto do setor.