Título: Abin revê proteção para Tucuruí
Autor: Goulart , Josette
Fonte: Valor Econômico, 21/10/2009, Especial, p. A14

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) concluiu em setembro um novo plano de segurança para a usina hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, que pertence à Eletronorte. Em operação há 25 anos, só depois dos ataques do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em 2007, quando manifestantes erraram a porta da casa de força na tentativa de parar a usina, que se percebeu a importância de se estabelecer novos parâmetros de segurança para a hidrelétrica. Uma parada da usina ou de suas linhas de transmissão poderiam comprometer o abastecimento de energia do país.

Tucuruí e Itaipu são as duas usinas em operação que possuem os esquemas de proteção mais seguros. Outras quatro grandes usinas ou complexos hidrelétricos terão o mesmo tratamento, segundo o mapa do setor elétrico que está sendo feito pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República.

De antemão já se sabe que as usinas do Madeira, quando estiverem prontas, também deverão fazer parte do esquema de segurança institucional do pais e também a usina de Belo Monte. Esta última, inclusive, sequer começou a sair do papel e já teve tratamento especial deferido pela segurança máxima do país. Em Altamira, no Pará, o coronel Paulo Barros, do GSI, comandou discretamente, sem farda, um contingente de 300 homens, entre eles 40 da Força Nacional, para garantir a realização das audiências públicas sobre os estudos de impactos ambientais da usina.

O diretor geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Hermes Chipp, garante que o sistema elétrico está preparado para evitar um apagão com a saída repentina de uma usina de operação. Ou até mesmo com a destruição de uma linha de transmissão. Há formas, segundo Chipp, de redirecionar a transmissão de energia, evitando riscos ao equilíbrio do sistema.

De qualquer forma, a segurança física dessas usinas fundamentais para o fornecimento de energia ao país precisam ser revistas. O coordenador de relações institucionais da Eletronorte, Mário Miranda, diz que as concessionárias de serviço público precisam estar cientes que elas têm um contrato de concessão que prevê, entre outras coisas, a segurança das instalações. Ele diz que a usina esteve nos últimos anos sob a proteção do Exército. Mas com o acordo de cooperação firmado com a Abin no ano passado foi possível rever e aperfeiçoar o plano de segurança da usina. Foi instalado um controle de acesso de pessoas, aperfeiçoada a segurança das informações e uma coordenação melhor com o Exército. "O MAB fez um novo ataque neste ano, mas não conseguiu desta vez sequer entrar na usina", diz Miranda. A prioridade até agora foi Tucuruí para a Eletronorte. O próximo passo é avaliar as linhas de transmissão prioritárias e que precisam de novo esquema de proteção. (JG)