Título: Setor de telefonia é o que está mais avançado
Autor: Goulart , Josette
Fonte: Valor Econômico, 21/10/2009, Especial, p. A14

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) conclui em dezembro a primeira fase da análise dos pontos críticos do setor. O trabalho, solicitado pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), começou em 2007 e identificou quais as estações e serviços que requerem mais cuidados - telefonias fixa e móvel e internet - e quais as vulnerabilidades e planos de contingenciamento de cada operadora. A pesquisa, feita em parceria com as operadoras e com base em um projeto do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da ex-Telebrás (CPQD), custou R$ 5 milhões do Fundo Nacional de Telecomunicações (Funtel).

A chefe da Assessoria Técnica (ATC) da Anatel, Regina Maria de Felice Souza, afirma que uma segunda etapa do projeto começa no ano que vem: o mesmo mapeamento no caso dos telefones móveis da Marinha, Aeronáutica e aqueles que funcionam por transmissão de satélite.

O trabalho da Anatel não envolveu apenas o levantamento dos pontos críticos. A agência também fez análises de interdependência (uma pane em um dos serviços de telecomunicações pode interferir em outras áreas como serviços financeiros, transporte e energia); e intradependência (uma pane no setor de telefonia móvel pode prejudicar a internet, por exemplo).

A convocação do GSI foi feita em 2006. Na época, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava assustado com a onda de ataques do PCC em São Paulo e cobrou dos militares uma estratégia para evitar que ações desse tipo prejudicassem a população. O GSI chamou as duas agências reguladoras - Anatel e Aneel - para pedir auxílio nesse trabalho de levantamento. "O primeiro trabalho foi identificar, no Brasil, o que é infraestrutura crítica. Nos Estados Unidos, após o 11 de setembro, tudo virou crítico, até os monumentos. Mas o Brasil é muito grande, o que precisamos e podemos defender?", questiona Regina.

A Anatel convidou, então, as onze operadoras que atuam no Brasil - hoje são apenas dez, após a fusão da Brasil Telecom com a Oi - e pediu para que cada uma levantasse suas estações e pontos de vulnerabilidade. No começo, houve desconfiança generalizada, pois a Anatel, dentre outras atribuições, tem como obrigação fiscalizar as operadoras.

Com base no certificado ISO 19000, foram diagnosticadas 26 ameaças reais em aproximadamente 500 subestações: ataques físicos (vandalismo, roubo de cabos, fibras e fios); falhas de hardware (como aconteceu recentemente na pane da Telefônica em São Paulo); e falhas de software, além de causas naturais, como enchentes e terremotos.

Durante os jogos Panamericanos Rio-2007, a Anatel adiantou-se e monitorou as principais estações de telecomunicação na capital fluminense. "Deu certo. O comitê Olímpico Internacional (COI) elogiou o governo brasileiro, dizendo que era a primeira vez que um Panamericano era realizado sem qualquer problema no setor de telecomunicações", disse Regina.

Ela adianta que serão formados grupos semelhantes para os Jogos Militares de 2011, a Copa das Confederações de 2013, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. "Mas acho que será mais fácil. No Pan fizemos a proteção sem qualquer dado empírico. Agora, temos um levantamento completo", afirmou a chefe da Assessoria Técnica . (PTL)