Título: O gogó dos presidenciáveis
Autor: Rizzo, Alana
Fonte: Correio Braziliense, 10/06/2010, Política, p. 2

eleições

O período de pedir votos ainda nem começou oficialmente, mas Dilma, Serra e Marina já estão no ritmo, pelo menos no campo das promessas. As propostas são as mais variadas possíveis e contemplam diversas regiões do país

A campanha de Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) à Presidência da República não começou oficialmente. Mas os pré-candidatos já colecionam promessas para as mais diversas áreas e regiões do país. Algumas propostas não foram sequer discutidas pelas equipes de campanha e, antes mesmo de integrarem a plataforma de governo, já ganharam as ruas. Nestas eleições, candidatos a cargos no Executivo serão obrigados a apresentar, no ato do registro da candidatura na Justiça Eleitoral, o programa de governo. A norma não tem força jurídica para a abertura de processos de impeachment, no caso de as metas não serem cumpridas. Entretanto, é considerada um avanço por especialistas e eleitores.

Para os candidatos, cada minuto de entrevista é uma oportunidade de testar ideias, sejam elas novas ou mesmo factíveis. Cada viagem, uma chance de atrair o eleitorado local. Como fez a ex-ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, em recente visita a Goiânia. ¿Vou resolver essa questão porque já ficou comigo, era do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Virou uma questão pessoal¿, disse, em referência as obras do aeroporto da cidade, que foram suspensas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

O tucano José Serra também não desperdiça o eleitorado regional. No Nordeste, região em que a popularidade do presidente Lula é ainda mais alta, o ex-governador de São Paulo prometeu, se eleito, assumir nos seis primeiros meses de governo a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). E ainda concluir a Transnordestina ¿ ferrovia que liga porto de Suape, em Recife, a porto de Pecem, em Fortaleza. No Rio de Janeiro, comprometeu-se a fazer o metrô de superfície da capital até a Baixada Fluminense.

Velhas bandeiras Serra demorou para entrar na campanha. O nome dele só foi oficializado em 10 de abril em uma convenção conjunta do partido com o DEM e o PPS. Na época, aliados criticaram a espera. Temiam que a militância perdesse o entusiasmo, enquanto a campanha adversária estava mais agressiva. Ao lado do presidente Lula, a ex-ministra Dilma reforçava a participação no atual governo e garantia a continuação de programas, como Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida, Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e nos últimos dias, o Plano de Enfrentamento ao Crack. Porém, na pré-campanha, o ex-governador vem despejando promessas. O tucano prefere nem usar a palavra.

¿Não prometo. Anuncio¿, disse, repetidamente, em diversas ocasiões em que apresentou propostas. Muitas são antigas e foram transportadas diretamente da campanha de 2002. Por exemplo, a criação do Ministério da Segurança Pública. Nestas eleições, o tucano tem repetido a necessidade da nova pasta. Na disputa com o presidente Lula, há oito anos, o tucano também defendeu a criação do órgão e dizia não descartar alterações na Constituição para resolver o problema da segurança no país. A autonomia do Banco Central é outra velha bandeira do tucano. Com relação ao programa de governo, Serra anunciou que vai recolher sugestões dos internautas para a elaboração do material.

Marina Silva critica as promessas dos adversários. ¿A eleição é um período mágico. Aquilo que não foi feito, que era impossível, torna-se de uma facilidade incrível. Se é tão mágico, por que levar 16 anos?¿, questionou em um encontro. Apesar de mais modesta, a candidata não deixa de apresentar propostas, especialmente para as áreas social e meio ambiente. Entre elas, iniciativas para enfrentar mudanças climáticas e os ¿programas sociais de terceira geração¿.

Nos encontros em que os três presidenciáveis estavam presentes, muitas propostas foram repetidas. Como a regulamentação da Emenda 29, a manutenção do Bolsa Família, reforma tributária e alíquota mais baixa de ICMS para o etanol.

Calendário eleitoral Começa hoje o prazo para os partidos realizarem as convenções para a escolha dos candidatos que vão disputar os cargos de presidente da República, governador, senador, deputado federal e deputado estadual ou distrital. Pelo calendário eleitoral, as convenções partidárias devem ser feitas de 10 a 30 de junho. Já o prazo de registro dos candidatos nos Tribunais Regionais Eleitorais termina em 5 de julho.