Título: PSB não é sublegenda do PT", diz Ciro
Autor: Máximo , Luciano
Fonte: Valor Econômico, 14/10/2009, Política, p. A11
O deputado federal Ciro Gomes voltou a acirrar a disputa do xadrez das eleições 2010 ao garantir que será candidato à Presidência da República pelo PSB e lançar ao governo paulista Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e recém-filiado à legenda. Em pleno território de Skaf e posando para fotografias ao lado do ex-vice-presidente americano Al Gore, que compareceu ontem à sede da Fiesp na capital paulista para participar de um evento sobre aquecimento global, Ciro afirmou que sua escolha não está condicionada à política de alianças do PT e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não o vê como ameaça a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Ciro procurou ressaltar a parceria independente com o partido do presidente Lula. " O PT é amigo, é companheiro, é gente boa, mas eu digo humildemente que o PSB não é uma sublegenda do PT " , comentou. Segundo ele, a pressão petista para fechar alianças em torno de Dilma com o PDT, por exemplo, não é motivo para inviabilizar sua candidatura. " Isso é uma intriga que não tem base na realidade. Como qualquer candidato, a Dilma está se esforçando para somar forças, o que é absolutamente normal. Minha candidatura não se condiciona a esse esforço e é um problema meu que será resolvido no tempo certo. "
Ciro lembrou que mantém conversas com o presidente Lula, que, reforça, não tem ideia fixa quanto a lançar apenas um candidato para enfrentar o governador de São Paulo, José Serra (PSDB). " O plano é montar candidaturas em torno dos valores que o presidente Lula representa a partir dos fatos que se colocam hoje. Ele concordou e disse para eu manter minha candidatura à Presidência e ir tirando os fatos a limpo com o passar do tempo até fevereiro, março para resolver tudo. "
Quanto a Skaf, Ciro fez questão de apresentá-lo como o nome do PSB para as eleições ao governo estadual no ano que vem, apesar de caciques do partido não concordarem com sua filiação. " É o nome que escolhemos. " Já Skaf prefere ser prudente, embora não esconda o discurso. " Não vamos adiantar 2010. Filiar-se a um partido é participar mais da vida democrática de um país. Agora se Ciro decidir ser candidato tem meu total apoio, mas por enquanto meu trabalho é voluntário, não posso misturar meu trabalho como dirigente da Fiesp com a atividade partidária. Se decidir sair, seis meses antes da eleição tenho que me licenciar da Fiesp " , disse Skaf, destacando que tem sido muito bem recebido pelos partidários do PSB na agenda que cumpre em todo o Estado. Um carro-chefe para uma eventual campanha ele já tem: a defesa do ensino em tempo integral Sesi/Senai durante sua gestão na Fiesp, que hoje atende a mais de 100 mil alunos. O sistema faz parte de uma série de iniciativas de publicidade que já consumiu mais R$ 8 milhões desde o fim do ano passado e tem Skaf como seu principal garoto propaganda.
Quando o assunto é a possibilidade de Skaf virar inimigo político de Serra, Ciro Gomes sai em socorro ao novo companheiro de partido. " Ele está entrando agora no PSB e está obrigado a avaliar as posições do partido. Isso não quer dizer que estamos num alinhamento de candidatura, nós queremos que ele aceite, a disposição de ele ser candidato a governador está amadurencendo. Como não é provável que o Serra o apoie se ele sair, não é ele que vai ficar contra o Serra é o Serra que vai ficar contra ele " , tegiversa.
Ciro foi vago ao avaliar o governo do tucano em São Paulo: " Nós do partido temos uma avaliação genérica, de razoável para boa, sobre o governo Serra. Acho inclusive que ele deveria ser candidato a governador. Mas acho que ele não seria um bom presidente, porque ele atrelou sua ilustre biografia ao projeto que arruinou o Brasil e do qual ele participou como ministro por oito anos. "