Título: Indústria retoma média de utilização da capacidade
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 29/10/2009, Brasil, p. A4

O nível de utilização da capacidade instalada na indústria de transformação chegou a 82,9% neste mês, oitava alta seguida nos dados com ajuste sazonal. O número é o mesmo da média registrada desde 2003, mas ainda está distante do pico de junho de 2008 (86,7%), considerando a série desde 1980. Os dados foram divulgados ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e fazem parte da Sondagem da Indústria, feita com 1.065 empresas.

Para Aloísio Campelo, coordenador do Núcleo de Pesquisas e Análises Econômicas da FGV, isso mostra que haverá "aceleração na demanda por máquinas e equipamentos ainda neste ano", mas ele descarta um efeito imediato nos preços. "A percepção é que a economia brasileira pode voltar a crescer sem grandes pressões inflacionárias", avalia.

Os segmentos que devem ser monitorados "mais de perto", segundo Campelo, são os que fazem parte de bens de consumo duráveis - que inclui produtos da linha branca e veículos - e material para construção. Esses apresentam, respectivamente, 90,1% e 89,1% de utilização da capacidade. No entanto, como ambos foram beneficiados com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), é preciso analisar o comportamento das vendas com a volta do tributo. O segmento de automóveis e utilitários chegou a 90,5% de uso neste mês, ante 92,2% em outubro do ano passado.

O nível de estoques teve leva queda no comparativo com o mês anterior (2,5%), mas apresentou aumento de 3,1% no confronto com outubro de 2008, o que, para Campelo, indica retomada do equilíbrio. O número de entrevistados que considera o estoque insuficiente (3,9%) está próximo do que considera excessivo (5,9%). Já o nível de demanda subiu, mais uma vez puxado pela procura no mercado interno, que registrou alta de 6,0% ante setembro. A demanda externa teve elevação de 3,1%.

O Índice de Confiança da Indústria (ICI) atingiu o maior nível desde setembro de 2008 e a percepção dos empresários para os próximos meses mostrou melhora em todos os quesitos. "É um quadro virtuoso, a despeito do mercado externo", afirma Campelo. A quantidade de empresários (4,3% do total) que espera diminuir a produção em outubro, novembro e dezembro é a menor da série iniciada em 1980, o que levou o indicador a também bater recorde. Perguntados sobre os problemas para a expansão da produção, 69% disseram que não há fatores que limitem esse crescimento.