Título: Herdeiro de Maluf, Russomano prefere dividir palanque em SP com PSDB
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 29/10/2009, Politica, p. A8

Primeiro pré-candidato declarado na corrida pelo governo de São Paulo, o deputado federal Celso Russomanno, do PP, considera-se um político de centro.

Fundador da juventude do PFL na década de 80 - assunto do qual fala com reservas, insistindo em dizer que o momento político do país e a postura do partido eram outros -, foi convidado por Mário Covas a integrar o PSDB, por onde se elegeu deputado federal pela primeira vez, em 1994. Seus três mandatos seguintes foram pelo PP.

Apesar de ter boas relações com os tucanos, inclusive tendo apoiado Geraldo Alckmin e José Serra em eleições passadas, Russomanno integra um partido hoje da base aliada do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

No meio-fio entre conservador e pragmático, Russomanno desafia: "Me diga um partido neste país que manteve suas posições inabaladas? Todo mundo mudou. Olhe o PT, eles podem ser considerados, hoje, um partido de esquerda?"

Russomanno diz que acatará a decisão do partido quanto ao apoio nas eleições de 2010 à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao governador paulistano José Serra ou a outro, mesmo que isso vá contra sua preferência pessoal que, quando perguntado, não revela. "A fidelidade partidária tem de ser presente. Decidiremos com todo o colegiado. O que for da vontade da maioria, seguirei".

Advogado por formação, Russomanno se tornou conhecido por seu trabalho como jornalista, iniciado nos anos 70. Alcançou notoriedade com o televisivo "Aqui Agora", lançado em 1991, onde fez carreira com reportagens sobre direitos do consumidor, sempre encerradas com seu famoso bordão "se está bom para ambas as partes...". Quando sua esposa faleceu, por erro médico, num hospital particular de São Paulo, Russomanno mostrou todo o caso às câmeras de TV, oferecendo sua própria tragédia como pauta.

Convidado pelo presidente do PP paulistano, Paulo Maluf, a concorrer ao governo estadual, a candidatura de Russomanno põe fim à briga entre dois dos nomes mais votados para a Câmara na eleição de 2006. Maluf foi o deputado federal com o maior número de votos do país, 739.837. Com 573.524 votos, Russomanno teve a terceira maior votação nacional, menos de 100 mil votos atrás do segundo colocado, o agora presidenciável Ciro Gomes (PSB-CE).

Em 2008, o deputado federal do PP tinha a garantia do partido de que seria o candidato à Prefeitura de São Paulo. Maluf comprou briga e acabou concorrendo, ficando na quarta colocação, com 5,91% dos votos válidos. "O doutor Paulo [Maluf] concorda que agora é o momento do partido buscar renovação".

Sobre seu programa de governo, Russomanno ressalta a necessidade de dar fim à progressão continuada nas escolas públicas e faz digressões genéricas sobre mudanças nas políticas de segurança e transportes. Chega a se exaltar, por diversas vezes, durante a entrevista: "Em São Paulo, andamos em ônibus feitos com chassis de caminhão, como se fôssemos gado! E ainda pagamos por isso! Eu quero que as pessoas possam exercer sua cidadania".