Título: BB busca operações com dívida do servidor público
Autor: Guimarães, Andréa
Fonte: Valor Econômico, 29/10/2009, Especial, p. G2

Com taxas de juros competitivas e prazos de pagamento longos, o Banco do Brasil tem ampliado, por meio de sua atuação regional, as operações na área de compra de dívida de funcionários públicos. Gerências regionais de dois Estados anunciaram, recentemente, a intenção de expandir-se na área, com migração de pendências na área de consignados. Havendo interesse do servidor, é preciso verificar se a agência local já trabalha com o produto e levar o antigo contrato com o saldo devedor. É possível negociar um novo financiamento com desconto de até 40% na taxa de juros do antigo acordo.

Em outubro, a direção regional do Banco do Brasil anunciou, no Acre, a intenção de adquirir cartas de débitos que funcionários da esfera municipal, estadual e federal possuem com instituições bancárias. A negociação da transferência é válida na área de crédito consignado. O banco estatal oferece prazos de pagamento em até 72 meses e juros que variam de 1,78% a 1,95%. Atualmente, os bancos regionais oferecem aos servidores juros de 2,5% ao mês em média. Para participar do programa é preciso procurar uma agência do BB com informações sobre o saldo devedor, que podem ser obtidas no banco em que o débito foi originado. Com as informações em mãos, o BB entra em contato com a instituição concorrente, quita a dívida e a refinancia com o cliente.

Se o servidor estiver com o nome no Sistema de Proteção ao Crédito ou no Serasa, o BB estuda a possibilidade de aceitar a dívida pendente. Caso os juros sejam reduzidos depois de fechado o contrato, o servidor pode solicitar um novo refinanciamento. Desde setembro, já é possível solicitar a mesma operação de migração de dívidas também nas agências do BB no Maranhão. Um protocolo de intenções entre o comando regional do banco estadual e o prefeito de São Luís, João Castelo, foi assinado no dia 10 de setembro. Nele, as condições de pagamento da nova dívida adquirida pela instituição são semelhantes àquela vigente no Acre. Os juros giram em torno de 1,70% e o prazo de pagamento máximo é de 72 meses nas agências do Maranhão.

O superintendente regional do Banco do Brasil no Acre, Edvaldo Souza, afirmou em outubro, durante evento para anunciar o novo foco da empresa, que essa atuação na área de consignado tem uma função equilibradora para o mercado. É que as financeiras locais estavam trabalhando com taxas de juros muito elevadas e, depois que o contrato era assinado, o cliente acabava preso às condições determinadas no acordo. "O banco tem a responsabilidade de cobrar taxas menores do que a concorrência, resgatando sua função de aquecer a economia local", disse Souza.

A possibilidade de migrar de banco e carregar a dívida - sistema batizado pelo mercado como portabilidade de dívida - existe há mais de dois anos, mas cresce principalmente na área de consignado. Isso acontece porque, nesse caso, há uma disputa maior pelos clientes entre os bancos médios e grandes, o que favorece a migração. "Os correntistas no Brasil valorizam o relacionamento com seu banco. Isso ocorre principalmente se ele é fiel a seu gerente, e o conhece bem", diz o professor de finanças do Ibmec-SP Alexandre Chaia. No caso do consignado, entretanto, há uma diferença importante. "Nesse segmento, a relação entre cliente e banco é mais distante. O vínculo é menor", explica. (A.G.)