Título: Taxa de desemprego cai para 7,7%, mas emprego formal perde espaço
Autor: Rosas , Rafael
Fonte: Valor Econômico, 23/10/2009, Brasil, p. A4

A queda da taxa de desocupação em setembro para 7,7% não evitou uma piora nos dados de formalização de emprego nas seis regiões metropolitanas analisadas pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em setembro, a formalização - que engloba os empregados com carteira do setor privado, os militares ou funcionários públicos estatutários e os empregados domésticos com carteira assinada - atingiu 54,9% da população ocupada, a menor taxa do ano e o mesmo nível de novembro do ano passado.

Em setembro, os empregos com carteira no setor privado tiveram redução de 29 mil postos em comparação com agosto, queda de 0,3%, considerada como estabilidade estatística pelo IBGE. Na comparação com setembro do ano passado houve crescimento de 1,4% nesse indicador - também estável para o instituto -, com criação de 134 mil postos formais nas empresas privadas. Essa foi a primeira vez no ano que o crescimento do emprego com carteira no setor privado ficou abaixo do avanço da População em Idade Ativa (PIA), que subiu 1,6% em relação a setembro de 2008.

"Temos um sinal de que o emprego com carteira está sendo afetado", frisou Cimar Azeredo, gerente da PME, lembrando que a queda da taxa de desocupação para 7,7% não surpreende, uma vez que a partir de setembro é comum a recuperação da ocupação por conta do aquecimento provocado pelo fim de ano. "A queda da desocupação é condizente com o período", acrescentou.

A mudança no cenário do emprego formal foi puxada pelo desempenho de São Paulo, única das seis regiões metropolitanas analisadas pela PME em que houve queda no indicador na comparação com igual mês do ano passado. Em setembro, na região metropolitana da capital paulista houve queda de 1,1% no emprego com carteira no setor privado, que, embora seja considerada como estabilidade pelo IBGE, significou 48 mil postos de trabalho a menos em relação a setembro de 2008.

Azeredo também alertou para a média da população ocupada este ano nas seis regiões metropolitanas. Mesmo com a alta de 0,4% em setembro - considerada estável pelo IBGE -, com 76 mil novos postos, na média dos nove primeiros meses do ano o crescimento é de 0,8%, o menor da série iniciada em 2003 para o período janeiro-setembro. No ano passado, esse crescimento era de 3,5%.

Na indústria, a média da ocupação no ano também é a pior da série, com queda de 2,5%, enquanto nos nove primeiros meses de 2008 houve alta de 3,9%. O movimento é puxado por São Paulo, onde a população ocupada na indústria caiu 1,9% na média dos nove meses, diante de uma alta de 6,1% em igual período de 2008. No geral, a taxa média de desocupação este ano é de 8,4%, acima dos 8,1% dos nove primeiros meses de 2008.

O rendimento médio real da população ocupada atingiu o mais alto valor para um mês de setembro desde o início da série histórica da pesquisa, em 2002 - R$ 1.346,70. "Já estamos com o rendimento de 2002, o maior da série", frisou Cimar Azeredo, lembrando que, estatisticamente, o correto é a comparação com os meses de setembro, para evitar sazonalidades. Na média do ano, o rendimento atingiu R$ 1.338,22, superando o pico anterior, de R$ 1.292,17 dos nove primeiros meses de 2008.