Título: Eletrobrás e BNDES terão crédito de agência da França
Autor: Schüffner , Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 23/10/2009, Especial, p. A16
A França vai liberar um empréstimo de ¿ 100 milhões para a Eletrobrás e de ¿ 150 milhões para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) através da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), organismo responsável pelo financiamento de investimentos de governos e estatais em países em desenvolvimento e nos territórios franceses na África e América Latina. Louis-Jacques Vaillant, diretor do recém-criado Departamento para a América Latina e o Caribe da AFD, explicou que a liberação desses dois financiamentos ainda depende da aprovação do conselho de administração da agência, o que é esperado antes do fim do ano.
Os recursos para o BNDES terão de ser, necessariamente, destinados ao setor de saúde para combater doenças infecciosas. Já a Eletrobrás terá financiamento para aplicar na geração de energia através de fontes renováveis.
A AFD abriu um escritório em Brasília em janeiro de 2007 e divide um escritório em São Paulo com sua subsidiária Proparco, braço responsável pelo financiamento de projetos do setor privado. A atuação se fortaleceu depois de um acordo de parceria estratégica assinado pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkozy para as áreas civil e militar. No Distrito Federal, a AFD financiou ¿ 134 milhões para a implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) de Brasília no ano passado. O valor corresponde a 50% do custo do primeiro trecho da linha, que tem 8 quilômetros de extensão.
Em 2007, a prefeitura de Curitiba recebeu ¿ 36,15 milhões para ampliar a rede de transporte público da cidade. O ritmo ainda é lento, segundo Vaillant, porque o país ainda não conhece os procedimentos da AFD. Mas a expectativa do executivo é que depois das primeiras operações a velocidade dos projetos seja maior.
Em 2008 a AFD financiou ¿ 4,5 bilhões para projetos na África, Ásia, Mediterrâneo, territórios franceses e países limítrofes com seus territórios, incluindo a América Latina (Colômbia, Suriname e México, além do Brasil) e Caribe. Em 2009, a agência pretende aumentar os financiamentos, o que vai depender dos projetos que forem apresentados.
O executivo fez questão de frisar que apesar de receber recursos subsidiados pelo Tesouro francês que podem ser repassados a taxas mais baixas para projetos no Brasil, a AFD não tem intenção de concorrer com bancos privados brasileiros. "O objetivo não é atuar como banco de varejo, mas sim complementar a eventual necessidade de financiamento dos projetos em condições de mercado", frisa ele.
Os projetos precisam se enquadrar nos três setores eleitos pela agência, que são o combate a problemas relacionados às mudanças climáticas, doenças infecciosas e aqueles que tenham efeito anticíclico na economia, para enfrentar a crise mundial. E nem precisam ter nenhuma ligação com empresas francesas, desde que a OCDE encerrou um grande debate sobre a influência desse tipo de financiamento sobre o preço dos projetos.
Odile des Deserts, diretora-adjunta do Departamento de América Latina e Caribe da AFD lembra que o Brasil tem um território 15 vezes maior que a França e por isso as ações da agência no país são diferentes da África, por exemplo. No momento, a AFD está trocando informações com a Fundação Getulio Vargas sobre biocombustíveis para analisar sua aplicação na África. " Podemos fazer parcerias e aproveitar a experiência dos brasileiros no setor", diz. (CS)