Título: Para BNDES, momento é bom para aquisições no exterior
Autor: Lamucci , Sergio
Fonte: Valor Econômico, 05/11/2009, Brasil, p. A4

Para ajudar no processo de internacionalização das empresas brasileiras e na atração de investimentos estrangeiros no Brasil, o BNDES inaugurou ontem um escritório em Londres, evento que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de três ministros. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, destacou o "momento favorável para as companhias brasileiras, muitas das quais estão em processo de aquisição no exterior de outras empresas" e ressaltou o papel que o banco poderá ter nesse processo. "Nós teremos condições de, situados aqui, observar o mercado e auxiliar no acesso ao mercado de crédito e de capitais, coisa que o BNDES faz, mas não a partir do próprio coração financeiro do sistema, que é City de Londres." O banco tem um escritório também em Montevidéu, no Uruguai.

Lula se disse orgulhoso pela inauguração do escritório em Londres. Segundo ele, o país não pode pensar pequeno. As empresas brasileiras precisam aumentar a sua presença no exterior, disse Lula, destacando que o BNDES será um instrumento importante nessa estratégia. O presidente citou Petrobras, Vale e Embraer como companhias que podem competir de igual para igual com qualquer empresa do mundo, afirmando ainda que o Brasil está numa posição privilegiada hoje no mundo. "Se o mundo precisar de mais alimento, de mais biocombustíveis e, agora, de mais petróleo, o Brasil está em condições de produzir."

A estratégia de atuação do escritório, segundo Coutinho, seguirá três linhas. "A primeira é observar e buscar novas fontes de capital ou de recursos para o banco", disse. A segunda é "apoiar e prestar eventualmente suporte financeiro a empresas brasileiras cujas operações no exterior revertam em benefício para o Brasil, com criação de mais empregos e de inovação tecnológica". A terceira, por fim, é uma oportunidade para aprender a gestão de recursos, de capital, de ativos olhando para o mercado global. Isso ajudará o banco a ter experiência para eventualmente gerir os recursos do Fundo Soberano e do Fundo Social (que será constituído com parte dos recursos do pré-sal), como permite a proposta de regulamentação dessas instituições.

Falando da conjuntura, o presidente do BNDES avaliou que a apreciação excessiva do câmbio não fez bem para nenhuma economia. "Há um reconhecimento generalizado de que o Brasil é uma economia saudável com grande potencial de crescimento. O que ocorreu é que todos os gestores internacionais de ativos estão rebalanceando as carteiras, colocando mais Brasil em suas carteiras. Essa onda em algum momento vai chegar num ponto de equilíbrio", afirmou. O que é possível fazer, disse, é mitigar esse processo.

No evento, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que não está pensando em nenhuma nova medida para o câmbio. "A medida tomada [o IOF] ainda está exercendo os seus efeitos. Nós temos que avaliar qual é a repercussão, mas parece que está tendo boa receptividade."

O evento contou com a participação de empresários brasileiros como o presidente da Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, e o diretor-geral da BM&F Bovespa, Edemir Pinto. Além de Mantega, a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, também estavam na inauguração.