Título: PT teme ficar sem candidatos em MG, SP, RJ e ES
Autor: Agostine , Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 12/11/2009, Política, p. A13

O PT está preocupado com a possibilidade de não ter candidatura própria ao governo nos quatro Estados do Sudeste, que correspondem a 44% do eleitorado nacional. O PMDB pressiona os diretórios estaduais petistas de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo a apoiar os candidatos pemedebistas, em nome da manutenção da aliança nacional entre os dois partidos. A direção do PT, no entanto, não pretende ceder em Minas. A decisão, se confirmada, poderá prejudicar a candidatura do ministro pemedebista Helio Costa (Comunicações).

A situação eleitoral de Minas Gerais foi discutida ontem, em reunião do grupo de trabalho eleitoral do PT. No Sudeste, além da disputa mineira, a eleição no Rio também preocupa petistas. A falta de entendimento com o PMDB na Bahia também foi destacada, assim como a falta de definição do candidato que o partido apoiará em São Paulo.

Em Minas, a resistência do diretório estadual do PT quanto ao apoio à candidatura de Costa é forte. Dirigentes petistas analisaram a candidatura do PMDB como "frágil" e disseram que ele costuma "começar bem" a disputa eleitoral, com alto índice de intenção de voto, mas não consegue sustentar a candidatura. Além disso, afirmaram que o pemedebista "não dará o palanque necessário" para ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) na disputa pela Presidência. Na análise dos petistas, Antonio Augusto Anastasia, vice do governador Aécio Neves (PSDB), é um "candidato forte" e pode gerar problemas à base aliada na disputa. A Executiva do PT poderá apoiar a decisão do diretório estadual, que está entre a candidatura do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social). Apoiador de Pimentel, o presidente do diretório estadual, deputado Reginaldo Lopes, descartou a intervenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Há pré-disposição de candidatura única", disse.

Depois da reunião do grupo de trabalho eleitoral do PT, dirigentes do partido acenaram à candidatura própria petista. "Por que só nós temos de ceder?", questionou Paulo Frateschi, da Executiva. A falta de entendimento entre PT e PMDB em outros Estados, no entanto, deverá ser resolvida por Lula.

O caso mais emblemático é o Rio de Janeiro. A disputa no Estado gerou amplo debate na reunião de ontem, do PT. No Rio, o resultado da eleição interna do partido, no fim do mês, definirá se o PT estadual apoiará a reeleição de Sérgio Cabral (PMDB) ou se lançará a candidatura do prefeito Lindberg Farias. O favorito na disputa interna é o deputado Luiz Sérgio, apoiado pelo presidente do estadual, Alberto Cantalice. Se ele vencer, o diretório deverá apoiar o PMDB, em detrimento de candidatura própria. "Se não apoiarmos Cabral, o que está em risco é a aliança nacional com o PMDB", disse Cantalice. O grupo pró-PMDB defendem que Lula ou Dilma intervenham no Estado.

O diretório do Rio está dividido e os apoiadores de Lindberg ganharam força recentemente. Um exemplo disso é que Lindberg conseguiu obter a maioria das inserções partidárias na televisão: das 40 inserções que o partido terá no fim do mês, 30 ficarão com Lindberg e só 10 com a ministra Dilma. Se o PT optar por apoiar Cabral, o partido lutará pela vice na chapa ou por uma cadeira no Senado.

Outro caso que deverá ter intervenção de Lula é a Bahia. O comando do PT acredita que o presidente poderá convencer o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) a não sair candidato e apoiar a reeleição de Jaques Wagner.

Em São Paulo, a decisão do presidente Lula também será fundamental para decidir se o partido apoiará uma eventual candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB) ou se lançará candidato. Há pessimistas, no entanto, como o secretário-geral do partido, Vilson Oliveira: "Se Serra não for candidato, nem Alckmin, nem Ciro, nem Kassab, daí talvez o PT tenha chance."

O grupo de trabalho eleitoral do PT acompanhará de perto as divergências entre PT e PMDB, mas as decisões só deverão ser tomadas a partir de janeiro.