Título: Emprego industrial sobe pelo 3º mês seguido
Autor: Lamucci, Sergio ; Villaverde, João
Fonte: Valor Econômico, 11/11/2009, Brasil, p. A3

O emprego industrial em setembro aumentou pelo terceiro mês seguido, registrando alta de 0,4% em relação a agosto, feito o ajuste sazonal. Nesses três meses, houve avanço de 1%, que se seguiu a um tombo de 7,3% nos nove meses anteriores. Há uma recuperação bastante moderada da ocupação, segundo analistas. De janeiro a setembro, o emprego acumula queda de 6,5% na comparação com igual intervalo de 2008.

Segundo Thaís Marzola Zara, economista-chefe da Rosenberg & Associados, o acirramento da crise precipitou uma fase de demissões, iniciada ainda em outubro do ano passado. A esse movimento se seguiu a redução da carga horária dos remanescentes e, consequentemente, das horas pagas. "Agora, é natural vermos uma recomposição da carga horária, com aumento de turnos e de horas pagas. Na ponta, mais lentamente, temos o aumento de pessoal." Em setembro, o número de horas pagas aos trabalhadores subiu 1,1% em relação a agosto, na série com ajuste sazonal, com aumento de 1,9% no terceiro trimestre.

Para Thaís, as contratações vão se acelerar na passagem de ano, recuperando o nível pré-crise a partir do segundo trimestre do ano que vem. A retomada, por enquanto, está muito dispersa entre segmentos. De forma geral, diz Thaís, os setores com menores quedas de produção tiveram as menores reduções de pessoal ocupado. É o caso do de papel e celulose, que, apesar do recuo de 1,9% na produção nos primeiros nove meses do ano, ainda assim teve expansão de 7% no pessoal ocupado, em dados dessazonalizados. "Setores com forte competição externa, como calçados e couros, tiveram as reduções mais expressivas de pessoal ocupado, e são as que mais sofrem para recuperar." Para Ariadne Vitoriano, economista da Tendências Consultoria , a principal restrição à recuperação disseminada da indústria reside no comércio exterior. "O investimento demorará mais para retornar ao padrão anterior às turbulências mundiais, portanto, veremos antes uma recuperação maior nas horas pagas ao trabalhador." (JV)