Título: BB e Caixa se armam contra concorrência privada
Autor: Rocha, Janes
Fonte: Valor Econômico, 11/11/2009, Financas, p. C1
Para chegar ao manancial dos fundos de pensão de Estados e municípios, os bancos privados terão que transpor duas barreiras gigantes: o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. Donos de quase 50% dos recursos dos RPPS - cada um detém aproximadamente R$ 10 bilhões - os públicos não estão dispostos a abrir mão desse filão. Ao contrário, estão investindo para ganhar mais espaço ainda.
Tirando os R$ 20 bilhões nas mãos dos federais, todos querem avançar sobre os R$ 24 bilhões que hoje estão praticamente 100% aplicados em operações compromissadas com títulos do Tesouro.
BB e Caixa têm dois trunfos que garantem a liderança nesse mercado. Um é a prestação de serviços previdenciários associada à gestão de recursos e o outro é o tradicional relacionamento com as prefeituras, que envolve a política local e a relação do prefeito e seu partido com o governo federal.
A maioria dos institutos municipais ainda não domina a infinidade de obrigações de um fundo de pensão. Além de gerir os recursos, algo complicado devido às exigências da SPS, existe o trabalho atuarial, de garantir equilíbrio de longo prazo entre as contribuições dos participantes (patronais e empregatícios) e os benefícios pagos.
Tanto Caixa quanto BB montaram unidades especiais para prestação de serviços previdenciários que incluem cálculo atuarial, análise de benefícios, assessoria jurídica e financeira, preparação de relatórios tanto para a prestação de contas à SPS quanto aos tribunais de contas.
A Caixa, onde praticamente todos os 1.911 fundos municipais têm conta, criou uma divisão para o segmento no ano passado, com 16 pessoas dedicadas, além das áreas de gestão e prestação de serviços. Criou uma série de fundos exclusivos, tanto dos tradicionais DI e renda fixa, quanto de ações, crédito privado e multimercado.
"O potencial deste mercado é que a maioria dos RPPS está em fase de acumulação. É um segmento grande mas que exige muito do gestor", afirma Bolívar Tarragó, vice-presidente de gestão de ativos de terceiros da Caixa. A Caixa, diz, tem como meta aumentar em R$ 2 bilhões sua participação nos RPPS.
Expedito Veloso e Vagner Lacerda Ribeiro, gerentes da Unidade de Gestão Previdenciária do BB, contam que já foram reformulados todos os fundos de investimentos para adequá-los às regras do RPPS. À equipe de nove pessoas da unidade, se juntam a área de serviços previdenciários e a BBDTVM, a "asset management" do banco, que tem R$ 300 bilhões sob gestão.
Delúbio Gomes, diretor do Departamento de Regimes Próprios da Previdência, explica que os RPPS jamais podem juntar suas reservas em um único fundo, mas podem se reunir para negociar em grupo com os bancos por melhores condições de remuneração e tarifas. O Ministério, diz, até estimula a prática, já adotada no Rio Grande do Sul. (JR)