Título: Presidente confirma novo aporte para BNDES
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Fonte: Valor Econômico, 06/11/2009, Especial, p. F2

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assegurou ontem que o governo vai mesmo fazer uma nova capitalização no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com o objetivo de garantir a expansão da carteira de crédito da instituição nos próximos anos. "A decisão já está tomada", disse o presidente ao Valor, depois de participar de café da manhã com editores do jornal britânico "Financial Times".

O BNDES defende a realização de um aporte de R$ 100 bilhões, quantia igual ao total dos empréstimos feitos pelo Tesouro Nacional à instituição ao longo de 2009. De acordo com o presidente Lula, a operação de capitalização já está decidida, mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do banco, Luciano Coutinho, ainda se reunirão para acertar os mecanismos do apoio.

"Temos que apoiar. Não vamos ficar sentados em cima do dinheiro", disse Lula, mencionando em seguida o forte crescimento da oferta de crédito ocorrido na economia brasileira nos últimos anos. "A carteira de crédito do Banco do Brasil chegou a R$ 300 bilhões. Este era o valor de todo o crédito da economia em 2003", afirmou.

Luciano Coutinho informou que a carteira de empréstimos que já obtiveram aprovação junto ao banco soma R$ 160 bilhões. Hoje, o BNDES está capacitado para emprestar cerca de R$ 60 bilhões por ano sem a ajuda do Tesouro. Na próxima quarta-feira, Coutinho vai se reunir com o ministro Guido Mantega para discutir os detalhes do novo aporte.

O ministro da Fazenda prefere fazer o anúncio dos novos recursos apenas no fim do ano, para evitar que os empresários posterguem para 2010 investimentos que podem ser feitos este ano. Segundo o ministro, os empresários ainda não se deram conta do potencial de crescimento e de demanda da economia brasileira.

"Eu diria que os investimentos estão atrasados. Se olharmos a utilização da capacidade instalada, já estamos com 82%, 83%. Isto significa que é necessário retomar rapidamente os investimentos e aproveitar esta oportunidade, em que as taxas de juros estão mais baixas do que nunca", disse o ministro da Fazenda ao Valor. "Este é o momento de fazer investimento, senão, no ano que vem, nós vamos ter que frear a economia por excesso de demanda", argumentou Guido Mantega. (CR)