Título: Estrangeiros destacam a estabilidade para investir
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Fonte: Valor Econômico, 06/11/2009, Especial, p. F5

Executivos de empresas estrangeiras com forte presença no Brasil deram testemunhos bastante positivos sobre as suas atividades ao longo dos últimos anos, elogiando as perspectivas de crescimento, o respeito aos contratos e o ambiente seguro e estável para quem investe no país. No seminário "Investing in Brazil", promovido ontem em Londres pelo "Financial Times" e pelo Valor, os presidentes dos conselhos de administração do BG Group, sir Robert Wilson, da GDF Suez, Gérard Mestrallet, e do Santander, Emilio Botín ressaltaram que o país oferece grandes oportunidades de negócios, que não devem ser perdidas.

Wilson informou que o grupo deverá investir "pelo menos US$ 20 bilhões no país na próxima década " - quatro vezes o que a BG apostou no país até hoje. Segundo ele, há muita segurança para fazer negócios no Brasil. "Quando eu penso nos riscos de investimento no Brasil, eu consigo dormir à noite", afirmou Wilson, lembrando que o país mostrou resistência à crise, "se saindo melhor que o Reino Unido", tem inflação sob controle, déficit público pequeno, câmbio que se valoriza devido ao sucesso da economia e um governo comprometido com o cumprimento da lei e o respeito aos contratos.

Ao comentar as novas regras para a exploração de petróleo na camada pré-sal, que não favorecem os interesses da BG, Wilson ressaltou o fato de o governo não ter alterado a legislação referente aos campos já licitados - a empresa tem participação em vários blocos do pré-sal, com a Petrobras. Segundo ele, as novas regras não são uma boa notícia para a BG, mas o importante é que não houve mudança naquilo que já estava definido.

Mestrallet considerou que o Brasil, onde a GDF tem presença antiga e forte, tem se mostrado um "lugar confiável para investidores de longo prazo", combinando estabilidade política e econômica. Nos últimos dez anos, a empresa mais do que dobrou sua capacidade no Brasil, passando de 3,7 mil MW para 7,5 mil MW. "Para uma empresa de energia, o tamanho do mercado é fundamental", afirmou, lembrando que o Brasil tem quase 200 milhões de habitantes e é o décimo maior consumidor de energia no mundo.

Em associação com a Eletrobrás e a Camargo Corrêa, a GDF Suez lidera, com 51%, o consórcio para a construção da usina hidrelétrica de Jirau e estuda entrar na licitação para a usina de Belo Monte. Segundo Mestrallet, a decisão sobre o assunto depende de discussão com os parceiros. "Tenho certeza que vamos encontrar o parceiro certo para um projeto tão grande como o de Belo Monte", afirmou, acrescentando que a construção das usinas de Jirau e de Estreito, que contam com a participação da GDF Suez, envolve US$ 6 bilhões.

Botín avaliou que o Brasil se tornou uma potência mundial "por méritos próprios e deixou de ser o país do futuro para se transformar no país do presente. O Brasil está na moda, mas para o Santander, o país sempre esteve na moda". Ele lembrou que manteve a aposta no Brasil mesmo em 2002, num momento em que o risco país superou 2.400 pontos e o dólar chegou a R$ 4. Botín destacou a solidez do sistema financeiro, um dos "melhores do mundo", dizendo acreditar que São Paulo será em breve um centro financeiro de referência global, como são hoje a City de Londres, Frankfurt e Nova York.

O executivo ressaltou a reação rápida do Brasil à crise - houve apenas dois trimestres de retração da economia e uma recuperação da atividade forte em seguida. Ele disse que pretende continuar a investir no Brasil, observando que o banco já investiu US$ 28,8 bilhões no país e que a oferta pública de ações feita pelo Santander no Brasil foi a maior de uma instituição financeira no mundo neste ano.

Também presente ao evento, o presidente da Vale, Roger Agnelli, exortou os empresários estrangeiros a investir no Brasil, um país que, segundo ele, tem perspectivas de crescimento significativas, é líder em importantes segmentos da economia global e conta com empresas muito competitivas internacionalmente.