Título: Em Minas e Rio, quórum é mais elevado do que o de 2007
Autor: Agostine , Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 24/11/2009, Política, p. A6
A realização ou não de um segundo turno para as eleições estaduais era a única dúvida que persistia no PT mineiro até o início da noite de anteontem, no encerramento do segundo dia de apuração da eleição interna do partido. Com 61,4% dos 40 mil votos apurados, o deputado federal Reginaldo Lopes obtinha 49,75% do total, ou 13,3 mil votos, ante 37,82% do secretário nacional de Comunicação da sigla, Gleber Naime, com 10,2 mil votos. Os demais candidatos somavam 12,5% do total. Tanto Naime quanto Lopes são vinculados à candidatura do ex-senador José Eduardo Dutra (SE) para a presidência nacional da sigla. Reginaldo apoiou também o ex-deputado federal Geraldo Magela (DF), do Movimento PT.
Lopes é o candidato apoiado pelo ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, que disputa a candidatura ao governo estadual com o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, apoiador de Naime. Pimentel apostou o seu destino em 2010 na eleição interna.
Os resultados preliminares decepcionaram os articuladores de Pimentel. "Esperávamos 85% dos votos em BH, e tivemos cerca de 70%. Não sei ao certo o que ocorreu. Só que o comparecimento este ano foi mais alto do que em eleições anteriores", afirmou o deputado federal Virgilio Guimarães , aliado do ex-prefeito.
Otimista, Lopes afirmou que a votação na capital era compensada por resultados acima do esperado em cidades como Betim, território dos aliados de Patrus, em que obteve 30% dos votos, ou em Montes Claros, onde ganhou por 65%.
Na eleição interna de 2007, quando Pimentel era prefeito de BH, Lopes obteve 49,6% dos votos. Não houve disputa no 2º turno, porque o 2º colocado, o deputado estadual Durval Ângelo, retirou a candidatura em acordo costurado por Pimentel. No último ano de governo Pimentel, o partido recebeu um grande afluxo de filiados, sobretudo da zona norte da capital. As filiações em massa desequilibraram o quadro interno a favor do então prefeito. Mas no processo eleitoral do ano passado, aliados de Patrus foram eleitos em prefeituras importantes, como Betim e Governador Valadares.
No Rio, apuração se encaminha para um 2º turno. Até às 19h30, quando 65% das urnas estavam apuradas, a única certeza era que o deputado federal Luiz Sérgio seria um deles. Enquanto o deputado tinha 9.371 votos, os candidatos Lourival Casula e Bismarck Alcântara não sabiam quem disputaria a final, já que o primeiro tinha 5.893 votos e o segundo, 5.603. Bismarck cresceu na apuração com a entrada das urnas do interior do Estado.
De qualquer forma, a disputa é benéfica à tentativa do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, de se lançar candidato ao governo. Os dois candidatos a presidente regional, Bismarck e Casula, apoiam o prefeito. Ele diz que, segundo suas projeções, Luiz Sérgio terá 39% dos votos. E com a união entre Lourival Casula e Bismarck, no dia 6 de março, um de seus candidatos ganhará o segundo turno. Lindberg, no entanto, afirma que o mais importante para sua candidatura a governador é que seu grupo eleja 55% dos 400 delegados que vão votar no Congresso entre ter uma candidatura própria ou fazer aliança com o PMDB.
Questionado se a eleição de José Eduardo Dutra para presidente nacional do PT era prejudicial a seu projeto, o prefeito disse que é natural que Dutra venha indicar como melhor caminho a aliança. No entanto, acha que o partido do Rio votará a seu favor.
Luiz Sérgio, que defende a aliança com o PMDB, já no 1º turno das eleições para governador, disse que foi ajudado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que afirmou, ao votar no domingo, que a divisão de palanque seria prejudicial a candidata Dilma Roussef. "A fala só vem a reafirmar o que defendi nos debates". O deputado estima que fique com 45% dos votos neste primeiro turno.
No Estado, cerca de 30 mil filiados compareceram a esta votação. O número é 66% maior do que o da última eleição em 2007, quando 18 mil compareceram às urnas. No entanto, naquela época, o PT do Rio tinha cerca de 80 mil filiados e hoje tem 115 mil, um crescimento de 43%.
Até o fim da tarde de ontem, o grupo Mensagem ao Partido, ligado ao ministro da Justiça Tarso Genro, estava levando a melhor sobre a corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), que comanda o PT nacional, na eleição interna do partido no Rio Grande do Sul. Com pouco mais de 75% da apuração concluída, o deputado estadual Raul Pont havia recebido 51,4% dos votos válidos para o comando estadual e o deputado federal José Eduardo Cardozo (SP), que disputa o nacional, 44,9%.
Segundo o secretário de organização do PT gaúcho, Adriano de Oliveira, até as 18 horas haviam sido apurados 24,9 mil votos de uma estimativa total de 33 mil participantes na eleição de domingo - ante 27 mil na disputa anterior. O resultado parcial indicava a vitória de Pont, da corrente Democracia Socialista (que integra o Mensagem com a Esquerda Democrática e o PT Amplo), ainda no 1º turno, mas os números oficiais só serão anunciados amanhã.
Em segundo lugar para presidente estadual vinha o candidato Marcel Frisson, integrante da Articulação de Esquerda (AE) apoiado pela corrente Construindo Um Novo Brasil. Secretário de planejamento da prefeitura de São Leopoldo, ele havia recebido 39,6% dos 23,1 mil votos válidos, informou Oliveira, que também é da AE. Já o candidato da CNB à presidência nacional, José Eduardo Dutra, havia obtido 36,4% dos votos válidos no Estado para o cargo.
O eleito para a presidência do PT gaúcho vai substituir o ex-governador Olívio Dutra, que não faz parte de nenhuma corrente nem apoiou um candidato específico nessa eleição. Na disputa entre as chapas para o diretório estadual, a vantagem do Mensagem ao Partido sobre a aliança AE/CNB era menor.
Conforme Oliveira, o Mensagem havia obtido 35,7% dos votos válidos para o diretório. Segundo o secretário geral do PT no Estado, Carlos Pestana, que é da DS, o grupo detém 38% das cadeiras e a expectativa é chegar a perto de 45% . Em 2º lugar, a chapa Articulação de Esquerda/CNB, que hoje tem cerca de 36% do diretório, havia recebido 32% dos votos válidos até o fim da tarde de ontem.
Em São Paulo, o presidente do diretório do estadual, Edinho Silva, liderava a disputa para a reeleição, segundo apuração divulgada às 18h50 de ontem. Até aquele horário, Edinho tinha recebido 63.721 dos 80.242 votos apurados, ou seja, 79,41% do total.
Com esse resultado, Edinho deve ser reeleito presidente do diretório já no primeiro turno. O segundo colocado, o ex-deputado estadual Renato Simões aparecia com 6,03% dos votos apurados (4.837). Depois apareciam os candidatos Misa Boito e José Carlos Miranda, com 1,21% e 1,22% dos votos apurados até aquele horário.
No Twitter (microblog), Edinho já comemorava o resultado. "Esse resultado só aumenta minha responsabilidade na construção do nosso partido, o maior instrumento de transformação da história do Brasil." (Com agências noticiosas)