Título: Presidente sofre com notas baixas por suas iniciativas
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Fonte: Valor Econômico, 24/11/2009, Especial, p. A14

As escolas francesas são notórias por sua postura rancorosa na atribuição de notas. Até mesmo os melhores alunos se deparam frequentemente com comentários secos, como "poderia fazer melhor", nos boletins.

Talvez por isso o presidente Nicolas Sarkozy esteja tendo dificuldade e seu programa de reformas esteja sendo aprovado com nota mínima, segundo um exame das ações do governo realizado duas vezes ao ano pelo centro de estudos Thomas More, de Bruxelas.

Os pesquisadores mantêm um registro das reformas lançadas, implementadas, abandonadas ou alteradas desde que Sarkozy foi eleito em maio de 2007. Na mais recente avaliação, publicada na semana passada, eles retornaram às 490 promessas feitas durante sua campanha, e as 732 novas medidas prometidas desde o estouro da crise econômica mundial um ano atrás, e decidiram que merece no momento uma nota 10 de um total de 20 pontos, comparado a 10,5 em maio.

O julgamento é baseado em três critérios: o número de reformas implementadas; o grau de equiparação final das reformas ao que foi inicialmente anunciado; e o número de iniciativas alteradas, adiadas ou abandonadas.

O estudo constatou que, embora um número maior de reformas prometidas estejam em andamento agora do que há seis meses - quase 80%, a se comparar com 75% em maio -, uma proporção maior fracassou ou está sendo adiada.

Além disso, reflexos negativos começam a surgir - embora o estudo reconheça que não houve recuo significativo até agora.

Jean-Thomas Lesueur do instituto Thomas More diz que a decisão de atuar em todas as frentes ao mesmo tempo confunde não só a população como também a administração responsável pela implementação de cada reforma. "Isso mostra que o método está realmente bloqueando a reforma."

Dos 22 temas identificados pelo instituto, Sarkozy conseguiu a sua melhor marca pela ação rápida para ajudar as empresas durante a crise, em especial as pequenas e médias empresas. Os professores da Thomas More deram a ele uma nota 14 de um total de 20, com um admirável 17,78, de um total de 20, pela coerência de suas ações.

O presidente também conseguiu um respeitável 13 por iniciativas para melhorar o poder de compra da população e responder às necessidades de moradia.

Mesmo assim, nas áreas mais importantes - como a redução dos gastos públicos e a dívida nacional, a revitalização dos deteriorados subúrbios urbanos e a modernização da agricultura -, Sarkozy vem fracassando claramente, com notas entre 6,5 e 8,5 de um total de 20. Apenas 9 dos 22 temas conseguiram uma pontuação maior do que 10.

Segundo a Thomas More, quase 21% de seu programa pode ser classificado hoje como um fracasso, contra apenas 16% no segundo trimestre. Com as eleições regionais ocorrendo daqui a cinco meses, Sarkozy poderá enfrentar uma reprimenda dos eleitores se não melhorar suas notas. (PH)