Título: DEM busca mostrar convergência
Autor: Lima , Vandson
Fonte: Valor Econômico, 19/11/2009, Política, p. A13
Na tentativa de superar divergências entre dirigentes, o DEM reuniu ontem suas principais lideranças em Brasília para unificar o discurso. Hoje o partido acenará ao PSDB pela manutenção da aliança nacional para disputar a Presidência, em 2010.
Em almoço organizado pelo governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, deputados, senadores, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e o ex-presidente do DEM Jorge Bornhausen discutiram a sucessão presidencial e o apoio do partido, que não lançará candidatura própria. "O almoço foi uma fotografia da unidade do partido", afirmou o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN). "Vamos marchar unidos", comentou o deputado José Carlos Aleluia (BA).
Declarações recentes do ex-prefeito do Rio Cesar Maia contra o governador de São Paulo, José Serra, pré-candidato do PSDB à sucessão presidencial, geraram divergências dentro do DEM e desgaste com líderes tucanos. Nesta semana, Maia disse que Serra "lembra os piores caudilhos", ao centralizar a decisão sobre a candidatura do PSDB à Presidência. Antes, seu filho, deputado Rodrigo Maia (RJ), presidente do partido, já havia criticado o governador paulista e declarado apoio ao governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), que disputa a indicação do partido para concorrer à Presidência.
O grupo aliado a Rodrigo e Cesar Maia reclama da estratégia do PSDB de lançar seu candidato somente em março ou abril de 2010, no prazo de desincompatibilização. Dirigentes ligados ao prefeito Kassab e ao ex-senador Jorge Bornhausen, que apoiam José Serra, melhor colocado nas pesquisas, tentam evitar divergências com os tucanos.
"Não vamos pressionar o PSDB para que lance agora a sua candidatura", disse o senador Agripino. "Quem tem de escolher são eles. A nossa aliança com o partido está mantida", afirmou. No entanto, o DEM deve participar da negociação da chapa presidencial com os tucanos, segundo o deputado Aleluia. "Queremos discutir nomes. Somos parceiros, mas temos de entrar nessa conversa", reforçou.
Segundo o líder do partido no Senado, mesmo se os tucanos lançarem uma chapa "puro-sangue", com Serra para Presidência e Aécio como vice o DEM deve apoiar a aliança com o PSDB. "O DEM estimula a chapa puro-sangue. Serra e Aécio juntos formarão uma chapa forte. Podemos abrir mão de indicar o vice em nome da vitória", disse o senador Agripino Maia.
Hoje, os presidentes do DEM e do PSDB devem se reunir em Brasília para tentar minimizar as divergências. Além do senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) e do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), participarão os líderes dos dois partidos no Senado e na Câmara. "Queremos mostrar que estamos juntos", comentou Maia.
As divergências dentro do DEM são explicadas reservadamente por dirigentes do partido como uma disputa entre lideranças para conduzir as negociações para as eleições de 2010. "O que está em jogo é quem vai negociar a aliança. Isso definirá quem será o interlocutor no pós-eleitoral, para negociar cargos e ministérios", explicou um integrante da cúpula do DEM.
Rodrigo Maia compareceu ao almoço. Seu pai, não.