Título: Mais flexibilidade na China
Autor: Marta Vieira
Fonte: Correio Braziliense, 20/06/2010, Economia, p. 16

Em resposta às fortes pressões para valorizar o yuan, o Banco Popular da China, equivalente ao Banco Central do país, deu ontem um pequeno passo para mudar as regras cambiais. Numa nota incluída na sua página na internet, em inglês e em mandarim, a autoridade monetária afirmou que ¿é desejável prosseguir adiante com a reforma no regime da taxa de câmbio e aumentar sua flexibilidade¿. Depois de 23 meses de cotação fixa em relação ao dólar, o BC chinês descartou uma valorização acelerada e não se comprometeu com movimentos de curto prazo.

No entanto, ficou claro o que a China pretendeu com o comunicado: marcar o fim da rigidez formal da cotação do yuan em relação do dólar, que tem sido defendida como uma ¿política especial¿ para proteger a economia da crise financeira global. Ainda é preciso esperar se o anúncio será suficiente para apaziguar os críticos, especialmente os parlamentares norte-americanos, que dizem que uma moeda chinesa subvalorizada dá uma vantagem comercial injusta, tornando os produtos muito baratos no concorrido mercado internacional.

Retomada ¿A economia global está se recuperando gradualmente. A recuperação e a retomada da economia chinesa se tornou mais sólida com a estabilidade econômica reforçada¿, assinalou o comunicado. O secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, recebeu bem a decisão de tornar a moeda mais flexível, mas pediu uma ação mais decisiva em direção a mudanças. ¿Saudamos a decisão da China de aumentar a flexibilidade de sua taxa de câmbio. A implementação vigorosa dará uma contribuição positiva para um crescimento global forte e equilibrado¿, afirmou em nota.

A medida foi tomada antes de um encontro do G-20 (grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo e a União Europeia) em Toronto, na qual o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e outros líderes devem aumentar a pressão pela valorização do yuan. Geithner tem tentado uma aproximação mais suave em relação à China nas últimas semanas, atrasando um relatório do Departamento de Tesouro sobre a suposta manipulação do valor do yuan pelo BC chinês.