Título: Planalto teme que obras da Copa sejam afetadas
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 30/11/2009, Política, p. A6

A chefe da Casa Civil, ministra Dilma Rousseff, cobrou de parlamentares da base aliada que acompanhem de perto as investigações no contra o governador José Roberto Arruda (DF-DEM). Dilma está preocupada com a possibilidade de as obras da Copa 2014 no DF virem a ser afetadas.

Um parlamentar aliado resumiu, utilizando metáfora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a perplexidade do governo federal diante da situação. "Nunca antes na história deste país um governador da capital da República foi flagrado contando dinheiro", declarou o aliado de Lula.

Brasília é uma das 14 sedes escolhidas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para os jogos da Copa. Além da reforma no estádio Mané Garrincha - obra estimada em R$ 750 milhões, a mais cara dentre todos os estádios brasileiros - o governo do Distrito Federal também incluiu a construção de um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), saindo do aeroporto e passando por uma das principais vias da capital federal.

Além disso, o presidente da Federação Metropolitana de Futebol e chefe de gabinete do governador José Roberto Arruda, Fábio Simão, também foi alvo de um mandado de busca e apreensão da Polícia Federal, na operação Caixa de Pandora.

Pelo cronograma do governo federal, o prazo máximo para a conclusão das obras é dezembro de 2011. Em 2013, o país tem de estar pronto para sediar a Copa das Confederações, competição que reúne o vencedor da última Copa do Mundo e os campeões dos torneios continentais, além do país-sede.

Segundo aliado ouvido pelo Valor, neste primeiro momento, não existe temor de que verbas federais estejam envolvidas nos supostos desvios de recursos do governo do DF. Boa parte do orçamento das obras da Copa será obtido por empréstimos internacionais. "Mas não há dúvida, tudo está contaminado", confirmou especialista em política local.

O Planalto também está preocupado com os desdobramentos na Saúde e Educação, áreas que, assim como a Segurança Pública, dependem de repasse federais para salários. Segundo informações vindas do Judiciário, um outro inquérito - tão consistente quanto o primeiro - está pronto e envolve desvios cometidos na Saúde e nas diversas obras em andamento na capital federal.

A maior parte das obras públicas no DF é financiada por Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento e Corporação Andina de Fomento. "Não são um ou dois procuradores investigando o caso. São 23", espantou-se um senador. A orientação da Casa Civil a seus aliados é para manifestar-se o mínimo possível para não expor disputa entre governo e oposição. E acompanhar de perto as investigações, estabelecendo um cruzamento entre as irregularidades detectadas e a utilização de recursos públicos do governo federal. (PTL, RC e RU)