Título: Indústria lidera criação de vagas formais
Autor: Galvão , Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 17/11/2009, Brasil, p. A3

O governo registrou a criação de 230,9 mil empregos formais em outubro. É o melhor resultado para meses de outubro na série histórica iniciada em 1992 e levou o saldo positivo do ano para 1,163 milhão de postos de trabalho no acumulado de 2009. A indústria, pelo segundo mês seguido, foi o setor que mais gerou empregos em outubro, com saldo de 74,5 mil vagas entre contratações e demissões. No mês passado, os melhores desempenhos na indústria foram nos segmentos de alimentos (17.838), têxtil (9.805), metalurgia (9.471), química (7.852), madeira e móveis (5.045), calçados (5.020), material de transporte (4.631) e minerais não metálicos (3.623). O país encerrou os últimos 12 meses (todo o período da crise), com saldo positivo de 467,8 mil vagas formais abertas, movimento puxado por serviços (403 mil empregos novos) e marcado pela perda na indústria (216 mil vagas ainda fechadas).

Para o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, os empresários da indústria foram "precipitados" ao demitir milhares de trabalhadores na crise, e agora estão sendo obrigados a compensar esse erro. Ele prevê que, neste ano, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) terá saldo positivo entre 1 milhão e 1,1 milhão de vagas. Para 2010, ele aposta que será batido o recorde com a geração de dois milhões de empregos contratados no regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

O saldo do Caged, neste ano, ainda depende dos resultados de novembro e dezembro. Segundo Lupi, novembro será atípico, com a geração de aproximadamente 150 mil vagas. Para dezembro, a aposta dele é de perda líquida de 200 mil postos de trabalho, considerado um bom resultado se for comparado à média tradicional de perda de 300 mil vagas.

Além dos números de contratações e desligamentos, o Ministério do Trabalho informou que os ganhos salariais dos trabalhadores admitidos ficaram, neste ano, 4,4 pontos percentuais acima da variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). De acordo com o Caged, o salário médio de admissão, em outubro, foi de R$ 769,62, o que representa aumento real de 0,97% sobre o de setembro. "Foi o poder aquisitivo do trabalhador que manteve o consumo interno na recuperação da crise. Em 2010, teremos o melhor ano do Caged, com a criação de dois milhões de empregos", disse.

O Estado que teve a melhor média salarial de outubro para trabalhadores admitidos foi São Paulo, com R$ 901,78. Em segundo lugar vieram Rio de Janeiro, com R$ 841,39, e Distrito Federal, com R$ 807,58. O pior salário de admissão foi verificado no Estado de Alagoas, com R$ 575,14.

Na classificação dos subsetores de atividade, o maior salário de admissão, em outubro, foi o de R$ 1.836,54 nas instituições financeiras. O menor foi registrado nas indústrias de calçados, com R$ 598,73. Outubro não teve a maior geração líquida de empregos porque as melhores marcas foram de setembro (252,6 mil) e agosto (242,1 mil), mas ficou com o menor número de demitidos em 2009. No mês passado, 1,202 milhão de pessoas perderam seus empregos. O pior período, sob a ótica das dispensas, foi março, com 1,384 milhão de demissões registradas no Caged.

No lado das contratações, outubro ficou em terceiro lugar neste ano, com 1,433 milhão de pessoas contratadas. O melhor desempenho foi em setembro, com 1,491 milhão de admitidos. De janeiro a outubro, o setor de serviços foi o que mais criou empregos (481 mil), segundo os registros do Caged. Em seguida, vêm construção civil (210,3 mil), comércio (169, mil), indústria (137,3 mil) e agricultura (118,4 mil).

Considerando o que ocorreu em outubro nas nove maiores regiões metropolitanas, o Caged mostrou que essas áreas agregaram 103,3 mil postos de trabalho no período. No interior dos correspondentes Estados, houve criação de 67.194 vagas. Segundo o Ministério do Trabalho, isso ocorreu por força da sazonalidade da agricultura, que, nessa época, tem impacto negativo. As nove regiões metropolitanas estão nos Estados da Bahia, Ceará, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.