Título: Com 5 cargos de 1º escalão, PMDB é o último a deliberar sobre permanência no governo
Autor: Lyra , Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 03/12/2009, Política, p. A7
A executiva estadual do PMDB no Distrito Federal decide, na segunda-feira, se a legenda abandona ou não o governo de José Roberto Arruda (DEM). O partido tem cinco cargos no primeiro escalão: o presidente do Instituto de Previdência, Odilon Aires; o presidente da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), Rogério Rosso; o presidente da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), Luiz Pietschmann; o diretor de gestão da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), Divino Alves e a administradora do Plano Piloto, Ivelise Longhi. Último dos grandes partidos a debater o assunto, o PMDB precisará analisar com serenidade e tranquilidade o caso, segundo o presidente regional do partido, deputado Tadeu Fillipelli.
"Seria irresponsabilidade eu, que presido um partido com 25 mil filiados no DF, adiantar qualquer decisão antes da reunião da Executiva", desconversou.
Fillipelli reconheceu que o momento é grave, afeta a vida dos políticos e dos moradores do Distrito Federal, mas que a discussão também precisa levar em conta a questão da governabilidade. Para o pemedebista, o escândalo envolvendo o governador José Roberto Arruda (DEM) afeta completamente o cenário político para 2010. "Deu uma zerada geral e permite a retomada de alguns projetos políticos", admitiu ele.
O deputado disse que o PMDB só aceitou, oficialmente, compor o governo Arruda, no início deste ano. "Os pemedebistas que assumiram cargos no começo do governo agiram com base em decisões pessoais, não partidárias". Por isso, ele se diz à vontade para transferir para a Executiva a decisão sobre um possível "desembarque" do GDF.
Segundo pemedebistas experientes, no entanto, a tranquilidade é apenas aparente. O partido presidido hoje por Fillipelli passou por uma crise interna profunda, que culminou com a saída do grupo ligado ao ex-governador do DF Joaquim Roriz. Roriz - que rompeu com Arruda em 2006 - queria concorrer contra o demista no ano que vem, mas acabou vendo seu desejo recusado e filiou-se ao PSC. O PMDB permaneceu aliado de Arruda.
Por outro lado, lideranças locais da legenda demonstram incômodo em relação ao DEM. Reclamam que, nas últimas três semanas, entrevistas e declarações, públicas e em encontros políticos reservados, insinuaram que a fidelidade pemedebista não significaria uma aliança em 2010. Além disso, movimentações internas entre os partidos da base governistas levantaram a desconfiança entre os pemedebistas de que estes poderiam perder espaço na chapa majoritária de 2010.
Mas romper com o DEM não é tão fácil. Na avaliação de um político local, este movimento só é seguro para quem, a exemplo da esquerda, tem nomes fortes para aglutinar poder em candidaturas próprias para 2010. O PMDB ainda não tem esse nome e corre o risco de, abandonando Arruda, ser obrigado a voltar a gravitar em torno de Roriz, o que parte da legenda. "Não podemos ser açodados, mas também não podemos perder o timing", afirmou um interlocutor da legenda. (PTL)