Título: Relatório é preliminar e não há nada errado, afirma Caixa
Autor: Mandl , Carolina
Fonte: Valor Econômico, 03/12/2009, Finanças, p. C1

Depois de receber o relatório da Controladoria Geral da União com as ressalvas à gestão do FI-FGTS, Bolivar Tarragó, vice-presidente de ativos de terceiros da Caixa Econômica Federal (CEF), diz que está encaminhando aos auditores respostas a todos os seus questionamentos. "Na avaliação do banco, não há nada de errado. É um relatório preliminar da controladoria, não é nada definitivo."

Para o executivo, apesar das ressalvas dos auditores, é preciso ter em mente o objetivo do FI-FGTS. Por esse motivo, segundo ele, não é possível comparar a rentabilidade de seus ativos com outros. "Esse não é um fundo normal de mercado, por isso ele não vai ter a mesma rentabilidade que outros fundos", afirma Tarragó.

Foi essa lógica, segundo ele, que levou o FI-FGTS a comprar as debêntures do BNDES. "De uma só vez e de forma rápida, apoiamos diversos projetos que estavam parados no BNDES. E não se pode comparar nenhum investimento às taxas pagas pelos títulos públicos, que sempre pagam mais."

Em relação à taxa de administração paga pelo FI-FGTS pela gestão feita pela Caixa, o vice-presidente argumenta que não há problema. "Essa é uma questão subjetiva." Segundo ele, a taxa de 1% pode ser maior do que a paga por outros fundos, porém, a Caixa não cobra nada pela performance que obtiver acima daquela mínima proposta pelo fundo, de Taxa Referencial mais 6% ao ano. Quanto à duplicidade de pagamento, uma vez que a Caixa já é remunerada pela gestão do FGTS, Tarragó avalia que o trabalho feito no FI-FGTS é bastante distinto daquele realizado na carteira tradicional.

Em breve, os trabalhadores devem poder alocar seus recursos do FGTS na carteira do FI-FGTS, a exemplo do que foi feito com os fundos de Vale e Petrobras. A diferença é que, no caso das ações de ambas as empresas, a gestão dos ativos dos fundos podia ser feita por qualquer banco. O investidor podia escolher, por exemplo, aquele que cobrasse a menor taxa de administração. Já no caso do FI-FGTS, a Caixa será o único gestor.

Por ano, o FI-FGTS pode aplicar até 80% do patrimônio do FGTS de dois anos anteriores. Ou seja, em 2010, o fundo poderá investir cerca de R$ 22 bilhões.

Além do FI-FGTS, o Conselho Curador do FGTS está criando novos fundos e novas carteiras de investimento para aplicar os recursos dos trabalhadores. Hoje, existem duas carteiras: a de saneamento e a de habitação, que compram debêntures das empresas.

A partir do próximo ano será lançada uma outra para o segmento de transportes urbanos, de R$ 3 bilhões. Recentemente, também foi criado um fundo de recebíveis imobiliário de R$ 450 milhões, administrado pela Caixa e com consultoria imobiliária da RB Capital. "Antes, o FGTS só podia financiar o setor de habitação e de saneamento. Agora está ampliando o leque de investimento", diz Tarragó. (CM)