Título: Dubai World debate com bancos dívida de US$ 26 bi
Autor: England , Andrew
Fonte: Valor Econômico, 08/12/2009, Finanças, p. C5

Um grupo de bancos internacionais e regionais reuniu-se ontem pela primeira vez com a Dubai World, o abalado conglomerado de Dubai, para iniciar as discussões sobre o pedido da companhia de reestruturação de sua dívida de US$ 26 bilhões. Pessoas a par do processo disseram que a reunião será "um chute inicial" no que deverá ser um processo longo e cansativo, sendo que até agora a Dubai World não apresentou nenhum plano de reestruturação.

A companhia chocou os mercados no mês passado, quando pediu aos credores adiamento de seis meses nos pagamentos de sua dívida. Um banqueiro disse que os credores estão tentando minimizar os danos com a continuidade dos pagamentos de juros durante o processo, para evitar que eles tenham que contabilizar suas exposições como empréstimos vencidos e não pagos. Ele acrescentou que os credores também tentarão convencer a companhia a usar as "partes boas" da Dubai World, como a operadora de portos DP World e a Jebel Ali Free Zone, para ajudarem a pagar as dívidas das entidades do grupo que estão com dificuldades.

A Dubai World já disse que a reestruturação envolverá ela própria e duas de suas incorporadoras imobiliárias, a Nakheel e a Limitless. "O que eles estão tentando fazer é separar as companhias de bom desempenho como a DP World e a Jebel Ali Free Zone, mantê-las à parte, e olhar para as outras", disse o banqueiro. "Estamos dizendo a eles que isso não é certo, essas companhias ou têm ativos sem liquidez ou não possuem fluxos de caixa, enquanto as outras sim, de modo que não se pode simplesmente separar as duas, pois a reestruturação será muito mais difícil."

Um grupo de bancos - Royal Bank of Scotland (RBS), Standard Chartered, HSBC, Lloyds e dois bancos dos Emirados Árabes Unidos - formou um comitê de direção na semana passada, sob a égide da KPMG, para representar os credores. Acredita-se que os bancos britânicos têm exposição total de US$ 5 bilhões à Dubai World.

Um teste importante do processo de reestruturação será um bônus islâmico, ou "sukuk", emitido pela Nakheel, de US$ 4,05 bilhões, que terá de ser resgatado em 14 de dezembro. A Dubai World ainda não convocou uma reunião com os detentores desses bônus.

Ontem, Abdulrahman al-Saleh, diretor-geral do departamento de finanças de Dubai, disse que a Dubai World poderá vender investimentos estrangeiros e posições em imóveis, que incluem a companhia de cruzeiros marítimos QE2 e o Cirque du Soleil, do Canadá. "Não há nada que impeça a Dubai World de vender esses ativos", disse Saleh ao canal de TV Al Jazeera. A confiança dos investidores no emirado continuou baixa ontem, com a bolsa de valores do emirado caindo quase 6% .