Título: Governo iraniano descarta tratamento preferencial
Autor: Moreira , Assis
Fonte: Valor Econômico, 02/12/2009, Brasil, p. A4

O Irã descarta dar tratamento preferencial para o Brasil fazer negócios no seu mercado, apesar da aproximação do governo Luiz Inácio Lula da Silva com o polêmico presidente Mahmoud Ahmadinejad, quando o regime iraniano conta com poucos amigos na cena internacional. O ministro iraniano de Comércio, Mehdi Ghazanfari, fez um balanço entusiasmado da visita de Ahmadinejad a Brasília, em encontro ontem com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, à margem da conferência ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Em entrevista, porém, o ministro iraniano disse que o Brasil terá o mesmo tratamento dado a outros 200 países com os quais Teerã faz negócios. "Não tem concessão especial para o Brasil, mas vamos crescer o comércio, podemos ser complementares", insistiu o representante de Teerã.

O mais recente gesto brasileiro em relação ao Irã foi se abster numa votação de resolução na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), na semana passada, que condenou Teerã por desenvolver em segredo o enriquecimento de urânio. A resolução foi aprovada por 25 países contra três (Cuba, Venezuela e Malásia) e seis abstenções, incluindo o Brasil.

Na visão iraniana, as relações econômicas poderão ser reforçadas por um acordo entre os bancos centrais para intercâmbio de informações. O modelo iraniano é o mesmo já acertado com a Venezuela, pela qual investimentos e comércio teriam aumentado substancialmente. "Temos investimentos em fábricas de cimentos, há possibilidades em serviços de engenharia etc", exemplifica. Conta também com a participação da Petrobras na exploração de óleo e gás. Amorim também acha que há potencial nas áreas de hidrelétricas, energia e petroquímica.

Amorim acha que "não é verdade" que a Petrobras planejaria abandonar projetos no Irã, por causa de supostas pressões dos Estados Unidos. Segundo ele, embora a legislação americana "talvez crie problemas" para empresas que investem no Irã, o fato concreto é que "não houve nenhuma pressão do governo (americano) sobre nós", por causa da presença da Petrobras no Irã. (AM)