Título: Escassez de profissionais reacende o interesse por cursos de formação
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 02/12/2009, EU & Carreira, p. D10

O ciclo de crescimento econômico antes da crise serviu para reavivar o interesse dos estudantes pela área de engenharia. Isso pode ser constatado em diversas universidades. A Unicamp, por exemplo, registra um aumento de demanda pelos seus cursos nos últimos dois anos. A Fuvest, que organiza o vestibular mais concorrido do país, com vagas nas unidades da USP na capital paulista e no interior, também detectou a mesma tendência.

Na Fuvest, diga-se, o movimento segue na contramão das demais carreiras. O vestibular deste ano teve 138.242 inscritos, o menor número de candidatos da década. Já a procura pelos cursos de engenharia aumentou em nove das 12 carreiras para engenheiros. No curso de engenharia civil da USP de São Carlos, o número de inscrições aumentou 84,32%. No ano passado, a concorrência era de 11 candidatos para cada vaga. Hoje, já são 20. A carreira só ficou atrás de têxtil e moda, um curso criado recentemente na USP Leste, que contou com aumento de 105% no número de inscritos.

Na Unicamp, para o vestibular deste ano, foram inscritos 18 candidatos por vaga em média. Em 2003, a proporção ficou abaixo de 15. Outro dado importante identificado pela universidade foi a mudança na preferência dos jovens. Há 20 anos, eles optavam com maior frequência pelas engenharias de computação, elétrica e mecânica. "Atualmente, as mais demandadas são, pela ordem, as engenharias química e civil", afirma o coordenador da Comissão Permanente para os Vestibulares, Renato Pedrosa.

A carência de profissionais com o perfil desejado pelo mercado está forçando as faculdades a aprimorar seu cardápio de cursos de pós-graduação. Um exemplo disso pode ser visto no Programa de Educação Continuada- PECE, da Escola Politécnica da USP. A partir de 2010, será possível cursar um MBE, ou Master in Business Engineering, uma especialização em engenharia e negócios, que se contrapõe ao tradicional MBA, ou Master in Business Administration, que é destinado a quem quer se especializar em gestão.

De início, serão oferecidos 13 cursos de especialização dentro do novo modelo. Eles abrangem desde os segmentos de automação industrial, engenharia financeira e engenharia de software, até áreas mais específicas, como tecnologia metro ferroviária e engenharia de soldagem. Em comum, os cursos priorizam a prática da engenharia com enfoque em business, mesclando aulas teóricas e experiências práticas. "Fomos buscar no mercado e dentro da Poli profissionais com essa visão mais abrangente para organizar os programas dos cursos e ministrar as aulas. Dessa forma, vamos dar aos nossos alunos a base que eles necessitam para se diferenciarem no mercado", diz o professor Jorge Luis Risco Becerra, coordenador administrativo e financeiro do PECE/Poli.

Não é preciso ser formado em carreiras da área de exatas ou de engenharia para fazer o MBE. Os cursos terão duração média de 24 meses e serão ministrados na Cidade Universitária, em São Paulo, no período noturno e/ou aos sábados. Além da especialização em engenharia e negócios, o PECE oferece 15 programas de treinamento, que são mais específicos e têm menor duração- em média, 30 horas/aula. Entre os temas incluídos nesses programas estão redes óticas, engenharia de túneis, mecânica de solos e pavimentação.

As inscrições para os cursos de MBE e para os programas de treinamento já estão abertas e as aulas terão início em março de 2010. Empresas interessadas em cursos específicos para seus funcionários também podem contatar o PECE, que organiza programas de disciplinas conforme as necessidades de cada uma. Os cursos da grade ou sob demanda podem ser ministrados também no sistema "in company".(GPL)

Hoje excepcionalmente deixamos de publicar a coluna "Vaivém"