Título: Brasil admite recuo e possibilidade de aceitar a eleição em Honduras
Autor: Leo , Sergio
Fonte: Valor Econômico, 01/12/2009, Internacional, p. A10

Está nas mãos do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, e do presidente recém-eleito em uma eleição controversa, Porfírio Lobo, a possibilidade de mudança na posição do governo brasileiro em relação àquele país, segundo indicou ontem o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim. De Genebra, onde participa da reunião da OMC, Amorim reafirmou a condenação às eleições, realizadas sem a volta de Zelaya ao poder, mas comentou que a reação brasileira depende dos resultados das conversas entre os protagonistas da política hondurenha.

"Vamos esperar o que vai acontecer nos próximos dias, ver os movimentos, tem muita coisa que pode acontecer ou não", disse Amorim. "Não sei o que esse presidente eleito vai falar com o presidente Zelaya, se vai falar, se não falou", disse, respondendo sobre o que poderia acontecer. "Não vamos reconhecer um governo eleito por um golpe de Estado, mas a atitude do próprio presidente legítimo tem de ser levada em conta".

"Não será ela [a posição de Zelaya] que vai ditar [a reação brasileira], mas tem de ser levada em conta", continuou o ministro, que não quis confirmar se o governo tem informações sobre algum acordo entre as forças políticas hondurenhas. O tom adotado por Amorim coincide, porém, com as declarações feitas pelo assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, que abriu a possibilidade de mudanças na posição brasileiro, dependendo dos "gestos políticos" em Honduras.