Título: Cade aprova parceria entre Microsoft e Yahoo
Autor: Brigatto , Gustavo
Fonte: Valor Econômico, 17/12/2009, Empresas, p. B3

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou ontem o acordo de busca e publicidade na internet assinado entre Microsoft e Yahoo no fim de julho. Foi a terceira decisão favorável ao acordo tomada por órgãos reguladores em todo o mundo. As duas primeiras foram no Canadá e na Austrália. O Ato de Concentração foi relatado pelo conselheiro Fernando de Magalhães Furlan.

Pelo acordo de dez anos, o mecanismo de buscas na internet da Microsoft, o Bing, será a ferramenta padrão do Yahoo, ao passo que o Yahoo cuidará da venda de publicidade no Bing em nome tanto dele próprio como da Microsoft.

Com a decisão do Cade, as empresas poderiam colocar em prática a partir de hoje os termos do negócio selado em 30 de julho, mas a previsão da Microsoft e do Yahoo é de que acordo possa ser colocado em prática no início de 2010, provavelmente até fevereiro, segundo apurou o Valor.

Paola Pugliese, advogada do escritório Lefosse que representou a Microsoft no caso, acredita que as empresas devem esperar as decisões do Departamento de Justiça dos Estados Unidos e da Comissão Europeia para colocar o acordo em prática em todo o mundo. "Uma operação desse tipo é muito grande e difícil de ser desfeita", diz a advogada.

Em seu relatório, Furlan escreveu que a operação não oferece preocupações à concorrência devido à pequena participação da Microsoft e do Yahoo nos serviços de busca no Brasil. Segundo dados da comScore, as duas empresa têm, somadas, 3% do mercado, sendo que a parte referente à Microsoft é oferecida no país pelo Yahoo. Os outros 97% do mercado estão na mãos do Google.

"A busca patrocinada só faz sentido se você tiver escala e é essa questão que o acordo aborda. Só com escala é possivel competir nesse mercado", afirma Paola. Segundo ela, esta foi a principal preocupação do Cade na avaliação do caso. "O maior volume de buscas gera um círculo virtuoso para o mecanismo de busca. Quanto mais pessoas utilizarem, melhor será a resposta que ele oferecerá; quanto melhor a resposta, maior o uso", explica.

Depois de uma frustrada tentativa de compra do Yahoo no começo de 2008, o acordo na área de buscas e publicidade foi o caminho encontrado pela Microsoft para aumentar seu poder de fogo na luta contra o Google.

Segundo estimativa da comScore feita em julho, a união das duas companhias pode fazer a participação da Microsoft no segmento de buscas on-line nos Estados Unidos passar de pouco mais de 8,4% para quase 30%, contra 65% do Google.

"Mantemos nossa posição de que este acordo proporcionará opção efetiva de escolha, elevado valor agregado e maior grau de inovação para consumidores, anunciantes e parceiros", informaram a Microsoft e o Yahoo em nota conjunta divulgada ontem.